Um esquema de compra e venda de perfis falsos criados em empresas de aplicativos foi desvendado pela Polícia Civil. Criminosos criavam os dados fictícios e vendiam para motoristas por preços que variavam entre R$ 300 e R$ 500. Dois homens foram presos. Na casa deles foram encontrados documentos falsificados usados no crime. A dupla chegou a criar empresas de fachada para enganar as vítimas e roubar os dados dos documentos. O crime foi descoberto durante uma investigação de estupro onde um dos condutores que adquiriu um dos perfis foi denunciado por uma passageira. A suspeita é que ao menos 100 pessoas de dois aplicativos tenham feito a compra dos cadastros.
As investigações apontam que o grupo criava perfis falsos em duas empresas de aplicativos de transporte e vendiam para condutores. “Eles ofereciam oportunidades de emprego através de empresas de fachada. Geralmente essas vagas eram de motorista e manobristas. As pessoas interessadas no emprego enviavam currículo, e foto. Através desses documentos de terceiros, pegavam um programa de computador e adulteravam a foto. Às vezes mudavam alguns dados dos documentos para poder criar as CNHs falsificadas”, explicou a delegada Larissa Mascotte, responsável pelas investigações.
Segundo ela, os criminosos cobravam entre R$ 300 e R$ 500 por perfil. Até davam garantias para quem pagasse mais caro. “Muitas vezes o motorista era denunciado pelos passageiros e 'caíam' no aplicativo. Com a garantia, eles forneciam outros perfis para que o comprador continuasse rodando”, afirma a delegada. Em depoimento, segundo ela, os presos afirmaram que venderam ao menos 100 perfis. “Os compradores eram principalmente de Belo Horizonte, mas há compradores de outras cidades e até de outros estados da federação”, completou a delegada.
Estupro
O esquema desmantelado pela polícia serve de alerta aos usuários de aplicativo. As investigações que culminaram nas prisões começaram com a denúncia de um estupro. “Nós chegamos até esta dupla através de uma investigação de estupro. A vítima compareceu a Delegacia Especializada de Combate a Violência Sexual em dezembro de 2018. Disse que teria sido estuprada por um motorista de aplicativo. Iniciamos a investigação e apuramos que o motorista usava perfil falso no aplicativo”, disse a delegada. Na ocasião, a vítima relatou que o motorista trancou as portas do veículo e não a deixou sair,. Em seguida, a obrigou a fazer sexo oral nele.
A delegada faz um alertas aos usuários para conferir os dados antes de entrar no veículo. “As pessoas devem sempre certificar se a placa e a foto estão batendo com o informado no aplicativo. Qualquer irregularidade deve ser denunciada a polícia e/ou a empresa”, disse. “As investigações vão continuar para identificar os motoristas que estão comprando esses perfis”, finalizou.