A Justiça mineira bloqueou R$ 50 milhões da Vale como forma de garantir o ressarcimento por possíveis prejuízos causados pela evacuação de moradores de Barão de Cocais. A medida foi tomada depois que uma consultoria avaliou que a barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco tinha risco de se romper.
A ação é de autoria do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Defensoria Pública. No entanto, na ocasião, os órgãos solicitaram o bloqueio de R$ 1 bilhão, o que foi diminuído pela Justiça. O valor acatado corresponde a 5% do solicitado.
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Barragem da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, permanece em estado de alertaMPMG reforça pedido de plano emergencial para animais em Barão de CocaisMineradoras adotam medidas para que Itatiaiuçu e Barão de Cocais voltem à 'vida normal'Barão de Cocais: barragem é a que demanda 'mais cuidados', diz ValeSirene dispara em Barão de Cocais e risco em barragem chega ao nível pré-rompimentoConselho da Vale avaliará recomendações sobre afastamento de executivos da mineradoraNo total, 492 pessoas foram evacuadas, sendo que 43 já teriam retornado para suas casas. De acordo com a Defesa Civil de Barão de Cocais, a redução foi possível, uma vez que muitas pessoas evacuadas inicialmente moravam na Região Central do município - área considerada fora de risco pelo órgão.
Na decisão judicial, a juíza da comarca de Barão de Cocais, Renata Nascimento Borges, considerou que a evacuação poderá gerar prejuízos materiais aos envolvidos na ação. Segundo a magistrada, é natural que a Vale tenha que disponibilizar recursos para compensar os últimos desastres envolvendo a mineradora. Esse compromisso prejudicaria os cofres da empresa, que, poderia alegar falta de recursos para indenizar os moradores da cidade.
"A medida de bloqueio de bens revela-se essencial, considerando o envolvimento da Vale, nos últimos anos, em desastres ambientais de grande magnitude e em outras ações de evacuação de pessoas. Esses atos concretos, quando ilícitos, gerarão reflexos patrimoniais ainda desconhecidos, mas capazes, certamente, de comprometer o patrimônio da empresa, de tal modo a tornar impossível a reparação dos prejuízos suportados pelos moradores das localidades afetadas em Barão de Cocais", disse em trecho da decisão.
Outras medidas
Além do bloqueio, a Justiça determinou que a Vale inicie, em até 10 dias, o acolhimento e o abrigamento dos moradores em hotéis, pousadas ou imóveis alugados com os custos relativos ao traslado, transporte de bens móveis, pessoas e animais. A mineradora ainda deverá bancar a alimentação, medicamentos e transporte para todas as pessoas que tiveram comprometidas suas condições de moradias.
Em caso de decumprimento da decisão, a juíza estabeleceu multa diária de R$ 200 mil.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie
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