O desafio de ser mulher em uma corporação formada por 91,55% de homens é diário. O serviço do Corpo de Bombeiros Militar muitas vezes exige força, elemento que é associado ao homem, ficando longe do sexo, dito, frágil. Elas têm que provar, além da força, o poder de superação de si mesmas e de preconceitos estabelecidos pela sociedade. Mulheres que atuaram no resgate de vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de minérios da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mostram que são capazes de desbravar as duas primeiras décadas da presença feminina na corporação neste Dia Internacional das Mulheres, comemorado em 8 de março.
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Busca por igualdade
O desafio de mostrar que a mulher é capaz de exercer as mesmas funções que os homens não foi diferente na corporação.Nos concursos para integrar a corporação, pelo menos 10% das vagas são para mulheres. A sargento Natalia Daisy Ribeiro, de 31, concorreu a vaga há nove anos e hoje se encontrou na profissão. “Eu fazia enfermagem e não gostava. Quando passei no concurso, fiquei muito feliz. Me sinto privilegiada de ter conseguido uma oportunidade”, revela a militar, que garante não existir disputa entre homens e mulheres.
A primeira turma a receber mulheres no Corpo de Bombeiros Militar foi em 1993 e o aumento da presença feminina é um fator de incentivo. A sargento Daisy conta com alegria que hoje se inspira em outras bombeiras.
Durante os trabalhos em Brumadinho, Daisy ficou 24 dias longe da família. “É muito triste, porque, querendo ou não, a gente se coloca no lugar da família, mas os moradores da comunidade nos acolheram”. Por lá, ela contou que as pessoas ficavam surpresas quando a viam. “Muita gente ainda não sabe que tem bombeira. As pessoas falam: ‘Olha lá, ela é mulher’. Algumas meninas também ficavam espantadas e eu dizia: ‘Menina pode fazer o que quiser.’”
E elas fazem isso sem perder a feminilidade. “Não tem nada que impeça de ser feminina e continuar sendo vaidosa”, completou a sargento.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck.