O rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, provocou a morte de 200 pessoas e ainda existem 108 desaparecidas. Desde a tragédia, em 25 de janeiro, outras seis cidades tiveram moradores retiradas das casas por causa do risco de ruptura de estruturas que armazenam rejeitos de mineração. Nesta terça-feira, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recomendou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a retirar aproximadamente 2,5 mil moradores de Congonhas, na Região Central do Estado, devido aos riscos da barragem Casa de Pedra.
A retirada de moradores dos imóveis começou em 8 de fevereiro. Naquele dia, moradores da comunidade de Pinheiros, em Itatiaiuçu, na Grande BH, foram acordados de madrugada por bombeiros e policiais militares. A evacuação foi devido a mudança do fator de segurança da barragem da Mina Serra Azul, da empresa ArcelorMittal. Aproximadamente 170 pessoas tiveram que deixar as casas.
No mesmo dia, famílias de Barão de Cocais, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte, passaram por um susto parecido. Sirenes alertando sobre o risco de rompimento da barragem soaram na madrugada, provocando uma corrida dos moradores. Aproximadamente 500 pessoas tiveram que deixar seus imóveis devido aos problemas constatados na barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, da Vale.
Em 16 de fevereiro, moradores de São Sebastião das Águas Claras, distrito conhecido como Macacos, em Nova Lima, na Grande BH, foram retirados de casas devido aos riscos na barragem B3/B4 da Mina Mar Azul, da Vale. A estrutura tem aproximadamente 3 milhões de metros cúbicos de rejeitos e é contruída pelo método a montante. Aproximadamente 220 pessoas tiveram que sair dos imóveis e o turismo na cidade ficou prejudicado.
Quatro dias depois, a evacuação aconteceu em Nova Lima e Ouro Preto, devido aos riscos da barragem de Vargem Grande, que fica em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foram retiradas das casas aproximadamente 115 pessoas, sendo 100 moradores de Nova Lima, e outros 15 de Ouro Preto.
Congonhas
Nesta terça-feira, o Ministério Público de Minas Gerais, da comarca de Congonhas, expediu uma recomendação para que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) providencie moradias provisórias para habitantes de aproximadamente 600 casas do município que estão ameaçada pela barragem Casa de Pedra. Ao todo, seriam cerca de 2,5 mil moradores que devem ser retirados das moradias.
O secretário de Meio Ambiente da Prefeitura, Neylor Aarão, declarou ao MPMG que a CSN não fornece informações precisas sobre a barragem e, portanto, prejudica o plano de evacuação. Já a Defesa Civil Municipal estima que em caso de ruptura os primeiros imóveis podem ser atingidos em cerca de 30 segundos.
A mineradora informou que não vai se manifestar, por ora, sobre a recomendação. Se aceitar, terá 10 dias para realizar a ação. Se não, pode ser alvo de uma ação civil pública do MPMG.
A Barragem Casa de Pedra está localizada praticamente dentro da cidade. A estrutura fica a 250 metros de casas e a 2,5 quilômetros do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, patrimônio cultural da humanidade. A estrutura tem o método de construção: a jusante. Por ele, a barragem é amparada por terreno que vai sendo erguido ao lado dela e preparado para receber a estrutura. À medida que a estrutura vai sendo ampliada, ele vai crescendo. É uma técnica mais cara que a montante (método usado nas barragens de Fundão, em Mariana, e do Córrego do Feijão, em Brumadinho, que se romperam), cuja ampliação se faz em cima do próprio rejeito.
Cidades evacuadas
Moradores / cidade
138 - Brumadinho (11/02/2018)
166 - Itatiaiuçu (11/02/2019)
492 - Barão de Cocais (11/02/2019)
215 - Macacos (18/02/2019)
100 - Nova Lima (20/02/2019)
25 - Ouro Preto (20/02/2019)
2,5 mil – Congonhas (12/03/2019)*
*No caso de Congonhas, o MPMG fez a recomendação de retirada. A empresa CSN pode acatar, ou não.
Fonte: Defesa Civil MG