Ainda à espera de notícias dos familiares desaparecidos na tragédia da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, cerca de 60 pessoas protestaram ontem diante da sede do Instituto Médico-Legal (IML), em Belo Horizonte. Entre os manifestantes, Jéssica Evelyn Soares Silva, que continua à procura do irmão, Francis Eric Soares Silva, de 31 anos, e cobra agilidade do órgão. “Pedimos transparência no processo de identificação, queremos saber o que ainda está pendente, informações sobre os examQs de DNA, com qual frequência são feitos”, disse ela. “São 47 dias de luto sem corpo”, lamentou Andresa Rocha Rodrigues, outra manifestante.
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Governo libera saque para beneficiários do Bolsa Família em BrumadinhoSenado instala hoje CPI para apurar causas da tragédia de BrumadinhoSegundo Jéssica, em reunião com os manifestantes, a corporação concordou em repassar um relatório para que representantes dos parentes de vítimas compartilhem com os demais.
A cobrança justificada dos parentes das vítimas da tragédia encontra eco na equipe do IML. O Estado de Minas conversou com o superintendente de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), médico-legista Thales Bittencourt de Barcelos, sobre os bastidores do trabalho no órgão. Servidor da Polícia Civil há 17 anos, ele foi nomeado para o cargo no início de janeiro. Poucos dias depois, na sexta-feira, 25, havia acabado de acompanhar o pai em uma cirurgia cardíaca e imaginava passar o fim de semana com ele quando o telefone tocou. Do outro lado da linha, o delegado-geral da corporação, Wagner Pinto de Souza, anunciava a tragédia de Brumadinho. Alerta geral. “Imediatamente, ele acionou o que chamamos de Conselho Superior da Polícia Civil, que reúne os representantes de cargos de superintendências e diretorias”, descreve, em seu gabinete, uma sala simples no primeiro piso do prédio localizado no Bairro Gameleira.
Com formação em psiquiatria e atuação também como médico do trabalho, Thales conta que começava ali o maior desafio de sua carreira.
CONVOCAÇÃO GERAL Thales Bittencourt precisou agir com rapidez e convocar os 247 servidores que trabalham no Instituto Médico-Legal para ajudar na organização da logística de transporte de corpos e segmentos de corpos.
“É importantíssimo que a população saiba que estamos fazendo de tudo para entregar os corpos identificados para as famílias o quanto antes. Mas é um processo complexo, que demanda procedimentos pautados nas boas técnicas, que, por sua vez, demandam tempo. Não é insensibilidade, mas uma necessidade que tenhamos esse tempo”, explica. (Com Cristiane Silva).