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Estado de Minas

Ruínas de portaria de mina mostram horror da tragédia de Brumadinho

Instalações da Vale abandonadas às pressas na Mina Córrego do Feijão revelam retratos dos momentos de pânico enfrentados por funcionários que fugiam da avalanche de lama


postado em 16/03/2019 06:00 / atualizado em 16/03/2019 17:50

Barro atirado sobre pranchetas e mobiliário revirado deixaram congelado momento de horror(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Barro atirado sobre pranchetas e mobiliário revirado deixaram congelado momento de horror (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )


Ao longo da mancha de inundação por onde passou a lama do rompimento da barragem da Vale em Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o que existia pela frente foi soterrado. Várias edificações foram riscadas do mapa, como o refeitório da Vale, que ficava dentro da mina e bem abaixo do reservatório, e lugares como a Pousada Nova Estância, local em que várias pessoas morreram, incluindo hóspedes, proprietários e funcionários. Porém, nas bordas da área de fluxo de rejeitos, onde a lama passou, mas não varreu completamente o que existia, ficaram os rastros da tragédia nas ruínas das estruturas originais, o que permite observar uma espécie de cápsula do tempo, que congelou o momento em que as rotinas foram interrompidas pela avalanche de 25 de janeiro.

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )


Um desses locais – onde pranchetas e móveis revirados e paredes marcadas por manchas de lama permitem ter uma ideia dos momentos de pânico – é a estrutura física da portaria da Mina Córrego do Feijão, bem ao lado de onde passou a avalanche de rejeitos. A edificação continua de pé, mas o interior do imóvel parece ter sido revolvido por um terremoto. Paredes ficaram chapiscadas de barro, o piso mudou completamente de cor e mesas viraram depósitos de terra, restos e pó de minério.

DESTRUIÇÃO Tudo isso deixou com uma aura fantasmagórica o local que abrigava o controle de acesso de trabalhadores e visitantes e contribui diretamente para o ar de destruição presenciado por quem entra na área da mina atingida. Mesas e cadeiras estão espalhadas, mas não é possível saber se ficaram daquele jeito após a passagem da onda de lama ou se foram entulhadas no local depois que o imóvel perdeu o sentido e virou mais um depósito do que uma portaria.

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )


Pastas de documentos também foram remexidas, como uma que traz documentos referentes à “Inspetoria Córrego do Feijão”. Um quadro de aviso ficou solitário na parede de um dos cômodos, já que a edificação tinha outras dependências. Itens de uso pessoal de trabalhadores, como capacetes e botas foram deixadas no local, o que sugere uma evacuação rápida da estrutura quando a lama passou arrastando tudo pela frente. Pilhas de papéis se misturaram à lama no chão, onde também é possível observar um relatório jogado. Nele, em meio ao ambiente que transmite um ar de morte e abandono, está estampado o título de triste ironia: “Saúde e segurança”.

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )


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