Jornal Estado de Minas

Vale começa a pagar indenizações pela tragédia com barragem em Brumadinho



Pouco mais de 50 dias depois da tragédia de Brumadinho, os atingidos pelo rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão o atraso nos pagamentos emergenciais prometidos pela Vale ainda preocupa moradores. Segundo Termo de Ajuste Preliminar (TAP) – firmado em 20 de fevereiro entre a mineradora, os ministérios públicos Federal (MPF) e Estadual (MPMG), as defensorias públicas da União (DPU) e do estado (DPMG) e as advocacias-gerais da União (AGU) e do estado (AGE) –, os prejudicados têm direito a um salário-mínimo por adulto, meio salário por adolescentes (12 a 17 anos) e um quarto por criança (abaixo de 12) durante um ano. O pagamento vale para moradores do município e para quem vive a até um quilômetro do leito do Rio Paraopeba, desde Brumadinho e demais cidades na calha do rio até Pompeu, na represa de Retiro Baixo. A Vale informou neste sábado que o dinheiro começou a ser pago.

A demora em receber a indenização aumentou a angústia do horticultor Paulo Sérgio da Silva, que terá direito a três salários mínimos por mês para criar a família de cinco pessoas. “As contas estão chegando e ninguém tem dinheiro. Vivemos eu, minha esposa e três filhos: um de 14 anos, um de 7 e um bebê de 1. Esse auxílio não resolve o problema da gente, porque tirávamos (da horticultura) muito mais por mês. Mas, sem dúvidas, ajudará muito”, conta.
Morador do povoado de Tejuco, Paulinho, como é conhecido na região, acha que as comunidades mais próximas do barragem que se rompeu, como Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, recebem mais apoio da mineradora, o que torna ainda mais difícil a realidade de sua família.

Em Córrego do Feijão, a família do bombeiro hidráulico e servidor da prefeitura Ernando Luiz de Almeida, de 50, vive realidade semelhante à de Paulinho. Na casa dele, são seis pessoas: além do homem e da esposa, há três filhos de 24, 14 e 6 e um neto de 4. No total, os parentes terão quatro salários mínimos mensais. “Minha esposa perdeu o emprego porque a casa onde ela trabalhava como doméstica foi soterrada. Perdi minha moto e várias ferramentas guardadas em um sítio de um amigo. Dois celulares também. A gente espera que esse auxílio saia o quanto antes para diminuir a despesa” diz.
A demora também cria incertezas. “Confiro minha conta todos os dias, mas eu não sei se a Vale vai pagar esse dinheiro”, prossegue.

REGISTROS Por meio de nota, a Vale informou neste sábado que iniciou o pagamento das indenizações emergenciais do acordo, sendo que neste primeiro momento receberão o recurso cerca de 800 moradores dos bairros Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão, regiões mais impactadas pelo rompimento da barragem. “Os demais moradores dessas localidades, que ainda não estão registrados para receber a indenização emergencial, e os moradores registrados que sejam informados sobre eventuais pendências devem marcar horário de atendimento para entrega da documentação”, informou a mineradora. O agendamento pode ser feito a partir de amanhã pelo telefone 0800-888-1182. Os postos de registros começam a funcionar na quarta-feira.

A empresa informou ainda que o pagamento equivalente a uma cesta básica por família de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, sendo R$ 405,40 mensais durante um ano, será depositado diretamente na conta bancária da pessoa responsável pelo núcleo familiar. O processo de registro para pagamento das indenizações emergenciais para os moradores das outras localidades de Brumadinho e municípios até 1 quilômetro da calha do Rio Paraopeba será definido em audiência com a Justiça na próxima quinta-feira.
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