Os trabalhos de buscas por desaparecidos na lama da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, passaram por uma mudança de estratégia, segundo o tenente-coronel Eduardo Ângelo Gomes da Silva. Inicialmente com a intenção de esgotar os rejeitos de quadrantes predefinidos, o planejamento decidiu focar na inteligência, desistindo de chegar até a considerada cota 0 para excluir áreas de buscas, como chegou a ser cogitado. A explicação do Corpo de Bombeiros é que o tempo necessário para zerar todos os quadrantes seria inestimável, enquanto a junção do trabalho com a tecnologia, com cães farejadores e máquinas pesadas em pontos predefinidos tem demonstrado bons resultados. Até agora já foram identificados 203 mortos e 105 pessoas seguem como desaparecidas, mas outros 173 corpos e segmentos corporais estão no Instituto Médico-Legal aguardando identificação. Não necessariamente esse número se refere a desaparecidos, pois segmentos podem pertencer a quem já foi identificado.
“A gente verificou que essa situação (de esgotar os rejeitos) vai ser pouco produtiva. É mais fácil a gente trabalhar com inteligência e buscar em áreas onde a gente não conseguiu operar do que chegar na cota 0 em tudo”, diz o tenente-coronel Ângelo. Quando o militar fala em tecnologia, ele se refere, prioritariamente, ao uso massivo de mapas e marcação de pontos georreferenciados que permitem aos bombeiros remontar a área sob a lama. Os militares fazem a marcação de 100% dos itens encontrados, têm também o registro de todas as edificações que existiam antes do rompimento, georreferenciam todos os corpos e segmentos encontrados e posicionam no mapa todas as equipes lançadas em campo. Os bombeiros que atuam nas buscas ainda alimentam em tempo real um aplicativo criado pela corporação que facilita a inserção dos dados. Essa base tecnológica conta ainda com apoio de sete drones.
O CÉREBRO DAS OPERAÇÕES
O Posto Bravo é o principal ponto de informações dasbuscas em Brumadinho. Ali se concentram todos os mapas com as informações colhidas da mancha de inundação antes e depois do rompimento da barragem.Dali os comandantes definem para onde vai cada equipe
VISÃO AÉREA DA TRAGÉDIA
Sete drones do Corpo de Bombeiros estão à disposição da operação. Eles atuam em demandas específicas e podem transmitir imagens ao vivo para dentro do posto de comando
DUPLA DE VARREDURA
O serviço de inteligência apoiando pela tecnologia indica áreas mais suscetíveis ao encontro de corpos. Sete binômios (equipe formada por um bombeiro e um cão farejador) se revezam nesses pontos e nas últimas duas semanas os cachorros apontaram a localização de 80% dos corpos resgatado
MAQUINÁRIO PESADO
A rotina da operação conta com cerca de 80 máquinas pesadas, que fucionam com acompanhamento de bombeiros militares. O rejeito é retirado com inspeção visual e levado para área de descarte. Nesse local, a lama passa por nova vistoria espalhada e os cães também vasculham mais uma vez
ATENÇÃO A ESTRUTURA ATINGIDA
A Instalação de Tratamento de Minério (ITM) foi um dos primeiros pontos atingidos pela onda de lama. Foi necessário desmontar parte da estrutura para viabilizar as buscas. Bombeiros estimam que 16 corpos ainda podem estar no local