O Brasil deve perder em breve o certificado de país livre do sarampo depois de três anos. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde confirmou um caso endêmico da doença em fevereiro deste ano e comunicou à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). O Governo Federal afirmou que já vai iniciar um plano para retomar o título dentro dos próximos 12 meses. Minas Gerais já registrou um caso importado da enfermidade neste ano. O paciente é um italiano, de 29 anos, morador de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De janeiro de 2018 até 25 de fevereiro, data do último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), foram notificados 493 casos suspeitos em 144 municípios mineiros. Do total, 415 foram descartados, o que representa 84,2% dos casos. Outros 77 seguem sendo investigados.
O aumento do número de casos no Brasil aconteceu em fevereiro de 2018, logo depois da chegada de imigrantes venezuelanos em Roraima, no Norte. A Venezuela enfrenta surto da enfermidade. Nos doze meses, foram registrados pelo Ministério da Saúde 10.326 casos. O pico foi em julho do ano passado, quando foram registrados 3.950 casos.
No início deste ano a doença voltou a assustar. Segundo o Ministério da Saúde, um caso endêmico de sarampo foi confirmado no Pará em 23 de fevereiro. Com a comunicação a OPAS, o país vai perder o título de livre da doença. “Iniciamos a gestão, no atual governo, com taxas de imunização muito baixas. Elas atingiram um pico em 2003, mas, no geral, de lá para cá caíram ano a ano até chegarem perto de 80% no ano passado. Não é o patamar ideal. Temos que elevá-la acima a 95%”, afirma o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Para recuperar o título, um plano será colocado em ação nos próximos meses. “Nosso plano consiste em encaminhar medidas importantes ao Congresso Nacional, como a exigência do certificado de vacinação, não impeditiva, de ingresso na escola e no serviço militar. Reforçaremos, ainda, o monitoramento da vacinação, por meio dos programas de integração de renda e como norma para os trabalhadores de saúde”, complementou o ministro.
Entre as medidas estão a melhora nos sistemas de informação e monitoramento para medidas de prevenção e controle; a ampliação das estratégias a adesão da população à imunização; o acerto com estados e municípios estratégia para fomentar a oferta local de salas de vacinação em horário diferenciado; a instituição de uma “força tarefa” para apoiar os Estados e Municípios na investigação e manejo de casos de doenças imunopreveníveis e a realização de uma ampla campanha de multivacinação.
Segundo o Ministério da Saúde, casos da doença estão sendo identificados em diferente parte do mundo neste ano. O Brasil já confirmou, nesses primeiros meses, 48 casos, os Estados Unidos, 206, Venezuela, 283.
A doença
A transmissão do sarampo pode ocorrer de uma pessoa a outra, por meio de secreções expelidas ao tossir, falar, espirrar ou até na respiração. O contágio pode se dar ainda por dispersão de gotículas no ar em ambientes fechados. Por isso, é considerada uma doença infecciosa viral extremamente contagiosa. Os principais sintomas são manchas avermelhadas em todo o corpo, febre alta, congestão nasal, tosse e olhos irritados, além de poder causar complicações graves, como encefalite, diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia e até cegueira, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos.
A vacina tríplice viral , que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba, se encontra disponível em todas as unidades básicas de saúde do Estado.
Casos em Minas Gerais
Minas Gerais confirmou, neste ano, um caso de sarampo. O paciente é um italiano, de 29 anos, morador de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O caso é tratado como um caso importado, pois o homem começou a sentir os sintomas pouco tempo depois de chegar ao Brasil. Antes, viajou para a Croácia e foi para Itália, antes de se mudar para a Grande BH para trabalhar em uma empresa localizada em Juatuba.
Os últimos casos autóctones – quando a doença é transmitida dentro do município – ocorreram em 1997. Na ocasião, nove casos foram registrados. Em 2011, um caso importado da doença foi registrado. O paciente tinha ido a França. Já em 2013, dois pacientes, dois irmãos, contraíram sarampo em uma viagem à Flórida, nos Estados Unidos.
Veja abaixo o esquema de vacinação:
Aos 12 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose da vacina tríplice viral (que protege contra o sarampo, a rubéola e a caxumba).
Aos 15 meses de idade, a criança deverá receber a segunda dose com a vacina tetraviral (contra o sarampo, a rubéola, a caxumba e a catapora/varicela) ou a vacina tríplice viral e a de varicela monovalente.
De 02 a 29 anos, caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverão receber duas doses com intervalo de no mínimo 30 dias da primeira dose.
De 30 a 49 anos, caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverá receber apenas uma dose.
Após 49 anos de idade, não é necessário a vacinação porque são consideradas imunes.
Profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, dentistas e outros), independente da idade, devem ter duas doses válidas da vacina tríplice viral documentadas.
Profissionais de transporte (taxistas, motoristas de aplicativos, motoristas de vans e ônibus), profissionais do turismo (funcionários de hotéis, agentes, guias e outros), viajantes e profissionais do sexo devem manter o cartão de vacinação atualizado conforme os esquemas vacinais.