Morreu na noite dessa terça-feira uma das únicas sobreviventes do Holocausto que encontraram, em Belo Horizonte, uma maneira de continuar a vida após as atrocidades do Nazismo. Chana Flam era polonesa, tinha 93 anos, e enfrentou sozinha, durante cinco anos, o maior campo de concentração da Segunda Guerra Mundial, Auschwitz. Também para lá a adolescente judaica Anne Frank foi levada durante a guerra.
O enterro de Chana foi realizado na tarde desta quarta-feira no Cemitério Israelita de Belo Horizonte. Ela deixa um filho, Samuel Flam, além de dois netos e uma bisneta. A capital mineira ainda abriga ainda um judeu sobrevivente da Segunda Guerra, Henry Katina, de origem húngara. Ele também foi levado para Auschwitz.
“O relato do que Chana viveu era uma forma de não esquecer as atrocidades do Nazismo. Daqui alguns anos não vamos ter mais sobreviventes. Em geral, as pessoas gostam de sentir de ver os fatos históricos e ela era uma sobrevivente que conseguiu ter uma vida mesmo com as perdas da guerra”, disse Jacques Levy, integrante da Comunidade Judaica de Belo Horizonte.
Vida
Chana foi capturada pelos nazistas quando tinha apenas 14 anos. Levada para o maior campo de concentração da guerra, ela foi vítima das atrocidades do regime de Adolf Hitler durante cinco anos. Durante a guerra, ela perdeu toda a família depois que seu pai teve um acidente vascular e dois de seus irmãos terem sido assassinados com tiros na cabeça. Além disso, sua mãe teria morrido na câmara de gás, abraçada com um dos filhos.
De seis irmãos, Chana foi a única sobrevivente. Após a guerra, ela e seu marido - também sobrevivente - optaram por seguir os passos de um cunhado e vieram para Belo Horizonte em 1955. Na capital mineira, conseguiram buscar alívio, tendo dois filhos e difundindo relatos de como era a vida nos campos de concentração. Chana Flam perdeu um de seus filhos em um acidente de carro.
Segunda Guerra
Este ano completam 80 anos do início da Segunda Guerra Mundial. Em fevereiro, o Estado de Minas fez uma matéria especial sobre as histórias e os conflitos do período mais sangrento do século 20. A reportagem foi até o Museu da Força Expedicionária Brasileira, localizada no Centro de Belo Horizonte, onde se encontra um memorial sobre a guerra.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa