Minas Gerais se encontra em situação preocupante com o aumento dos casos de dengue em 2019. O número de casos registrados nas 11 primeiras semanas deste ano já é 734% maior do que o do mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. Os casos prováveis da doença – que engloba as confirmações e os suspeitos – já superaram 66 mil registros. Para se ter ideia, em 2017 e 2018 juntos foram 55.303 notificações. As mortes também estão aumentando. Já são seis óbitos confirmados. A situação pode ser ainda pior, pois há 27 casos de pacientes que não resistiram aos sintomas que ainda estão sendo investigados.
O estado se encontra na 5ª posição entre os que apresentam alta incidência de dengue (maior que 100 casos por 100 mil habitantes), com 261,2 casos a cada 100 mil habitantes. Na frente de Minas estão ta incidência da doença, ou seja, estão com a incidência maior que 100 casos por 100 mil habitantes: Tocantins (602,9 casos/100 mil hab.), Acre (422,8 casos/100 mil hab.), Mato Grosso do Sul (368,1 casos/100 mil hab.) e Goiás (355,4 casos/100 mil hab.). Após Minas Gerais, vem o Espírito Santo (222,5 casos/100 mil hab.) e Distrito Federal (116,5 casos/100 mil hab.).
O alerta em Minas já foi feito por autoridades de saúde. Neste três primeiros meses, a dengue mostra a tendência de ano epidêmico. Mas, com menor intensidade do que as últimas epidemias, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG). O secretário-adjunto de Estado de Saúde, Bernardo Ramos, afirmou que as piores epidemias ocorrem no intervalo de três anos. As outras três doenças causadas pelo Aedes, chikungunya, febre amarela e zika estão seguindo padrões habituais. “Há várias hipóteses sobre esses surtos mais duros, como os fenômenos el niño e la niña, mas nada comprovado”, disse. O coordenador do Departamento de Dengue do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, considerou o aumento de casos em Minas como “significativo” e classificou a situação como “preocupante”.
O sorotipo 2 da dengue continua a ser o predominante nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Ele não circulava no Brasil desde a década passada, de modo que um grande número de pessoas não tem proteção contra ela. Os sintomas são os mesmos dos demais, no entanto ele é capaz de gerar quadros mais graves quando comparados com os outros três sorotipos. “Os estados da região Sudeste (do país) principalmente São Paulo, Minas e o Espírito Santo, que têm números significativos, precisam avançar em relação as atividades para tentar mitigar o crescimento dessa curva porque temos cenário propício até o mês de abril”, alerta o coordenador.
As mortes também vêm aumentando. Mais um óbito foi confirmado pela pasta. Os moradores que perderam a vida em decorrência da moléstia são de Arcos (Região Centro-Oeste de Minas), Betim (Grande BH), Passos (Sul do estado), Uberlândia (Triângulo Mineiro), e dois de Unaí (Noroeste de Minas). Ainda há 27 mortes sendo investigadas. No ano passado, foram 11 mortes confirmadas. Outras 10 seguem em apuração.
Veja os números das doenças até 16 de março de 2019
BRUMADINHO Desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Ministério da Saúde acompanhava a situação das comunidades ao longo da área afetada, principalmente na região do Rio Paraopeba, diante do risco de proliferação de doenças infecciosas resultado do impacto ambiental. O Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) já foi desfeito, mas o monitoramento continua.
“Foram publicados boletins específicos dessa região. Até o momento somente o município de Betim, que faz parte dessa área afetada, que tem uma incidência mais significativa de dengue. O Ministério disponibilizou para o estado de Minas Gerais insumos específicos para esta região. O monitoramento vai ter que permanecer ao longo de todo o ano”, informou Rodrigo Said. Até o momento, Betim tem uma morte confirmada por dengue.
O secretário-adjunto de Estado de Saúde, Bernardo Ramos acrescentou que por enquanto não há dado real que relacione a tragédia de Brumadinho com o número de casos na região. “É esperado um aumento do vetor pela tragédia ambiental, pois as pessoas estão fora de casa. Com isso, a água se acumula e o vetor prolifera. Mas isso ainda não se traduziu em dados. De toda forma, este ano especificamente, já é esperado um aumento e não só pela catástrofe”, completou. (Com JHV)