O tempo não ameniza a dor das famílias de vítimas da tragédia da Vale em Brumadinho. As famílias se reuniram no memorial montado na entrada da cidade nesta segunda-feira, 25, quando completam dois meses do rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão. Com fotos nas camisetas, as famílias se lembram de entes que ainda estão desaparecidos.
A sabedoria popular diz que o tempo costuma ser o melhor remédio para a saudade, mas, no caso de famílias que têm parentes não encontrados, o passar dos dias sem se ter notícia gera uma angústia sem fim.
O grupo levou nomes de 96 pessoas em faixas de pano. Os dados oficiais, porém, que foram atualizados pela Defesa Civil no fim de semana, apontavam para 93 desaparecidos, mas como ontem à noite a Polícia Civil divulgou que mais duas pessoas foram identificadas, 91 pessoas seguem sem as identificações e por isso ainda são consideradas desaparecidas. Foi realizado um minuto de silêncio para lembrar todas as vítimas.
O ato ecumênico conta com a presença de familiares e amigos das vítimas, que se queixam da fala de informação. "Através de nosso sangue que não seja derramado mais sangue pela Vale", afirma Maria Aparecida Almeida Rocha, de 59, mãe de Luciano Rocha, auxiliar técnico de operação desaparecido. Ela perdeu também os dois sobrinhos e o genro, que já foram sepultados.
Mãe do mecânico industrial da Vale Tiago Tadeu Nunes Silva, Lúcia Aparecida Mendes Silva cobra pela localização do filho. "Viver sem ele vai ser difícil, mas pelo menos eu vou saber onde ele está. Eu só quero que eles devolvam o corpo do meu filho", afirma.
Já Francisca Lindalva Caetano, mãe do terceirizado da Vale Luís Paulo Caetano, que já foi encontrado e sepultado, pede que as investigações apontem os culpados. "Eu queria Justiça, porque se não vão fazer com outras pessoas o que fizeram com ele", diz. Francisca participou do ato junto a Maria Soares Silva, que é mãe do também terceirizado Francis Erick Soares, ainda não encontrado. Francis e Luís são primos. "Não estou dormindo direito, quero muito enterrar meu filho", diz Maria.