Nesta quinta-feira, o clima em São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, distrito de Nova Lima, na Grande BH, é de tensão e expectativa. Na noite passada, mais uma vez a sirene de alerta da Barragem B3/B4 da Vale tocou e tirou moradores de casa. A informação é de que a mineradora elevou o risco da estrutura para o nível 3, o último antes do rompimento, mas os moradores reclamam que ainda não sabem como proceder.
A reportagem do Estado de Minas acompanha a situação na comunidade hoje. Ao contrário do mês passado, quando a barragem atingiu o nível 2, não existe bloqueio da Vale e nenhuma via está bloqueada. Apenas na estrada de Macacos o trânsito flui no esquema de siga e pare na parte mais baixa, por onde os rejeitos passariam em caso de rompimento.
A reclamação geral da população hoje é de que o distrito estava começando a receber turistas novamente e a retomar a rotina quando a sirene tocou novamente, nada aconteceu, e as pessoas estão sem saber os motivos exatos e quando o alerta será baixado.
O comércio está praticamente todo fechado hoje. Restaurantes, lanchonetes, agências de turismo, consultórios odontológicos e escritórios de vendas de imóveis são alguns dos estabelecimentos que não abriram nesta quinta-feira. Há um posto de atendimento da Vale na comunidade que está recebendo muitas pessoas hoje, mas elas alegam que continuam com dúvidas. O temor dos moradores se deve ao fato de que a barragem foi elevada a um nível considerado mais perigoso e não há uma mobilização para retirada ou outra medida mais rigorosa.
Na noite passada, a Vale informou que não há necessidade de novas remoção, já que os moradores da área perto da barragem já foram retirados de casa no mês passado. "A população deve manter rotina normal, permanecendo atenta aos chamados de emergência", divulgou a mineradora.
Em 16 de fevereiro, 305 moradores de Macacos já haviam sido retirados de suas casas às pressas devido ao acionamento do nível 2. A B3/B4 abriga cerca de 3 milhões de metros cúbicos de rejeitos com estrutura a montante, o mesmo modelo de construção utilizado nas barragens 1, em Brumadinho, e do Fundão, em Mariana.
Desde então, a Justiça mineira bloqueou R$ 1 bilhão da Vale para "garantir eventual ressarcimento de prejuízos decorrentes da evacuação ocorrida na comunidade de São Sebastião das Águas Claras - Macacos".