A Polícia Civil de Minas Gerais informou na tarde desta quinta-feira que foi emitido o mandado de prisão preventiva contra um dos tatuadores de um estúdio localizado na Avenida Nossa Senhora do Carmo, na Savassi, por suspeita de crime de violação sexual mediante fraude. Trata-se de Leandro Caldeira Alves Pereira. Até o momento, pelo menos 15 mulheres denunciaram o tatuador na Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher em Belo Horizonte.
As histórias vieram à tona depois que a ativista e professora de literatura Duda Salabert, que também foi candidata ao Senado nas últimas eleições, utilizou o Instagram para falar sobre sua preferência em tatuar com profissionais mulheres. Depois da publicação, recebeu diversas mensagens de mulheres relatando casos de abusos, entre eles, os casos da empresa da capital mineira.
O crime é previsto no artigo 215 do Código Penal. Segundo a lei, configura-se crime "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima." É prevista prisão de dois a seis anos.
Entre as histórias recebidas pela ativista, grande parte relatava um profissional que trabalha no estúdio na Savassi. Os relatos são de casos que ocorrem desde 2012.
Ainda de acordo com a ativista, a partir de agora a tendência é que o mercado de tatuagem passe a se democratizar. “Com certeza, as mulher vão ser mais requisitadas. Isso é importante para o avanço das causas feministas, finalizou”.
Relatos
Os abusos relatados pelas vítimas teria acontecido de várias formas. Em uma mensagem compartilhada por Duda, algumas delas deram detalhes. “Foi minha primeira tatuagem. Foi na costela. O cara me deixou deitada com o peito de fora, sendo que era na costela e nem precisava. E com a mão nos genitais dele”, relatou. “A tatuagem era minúscula e ele me fez ficar lá horas”, completou.
Outra mulher afirmou que foi abusada em 2016 no mesmo lugar. “Eu fiz uma tatuagem em 2016 bem abaixo do umbigo, onde a calcinha tampa. O tatuador falou que era melhor se eu tirasse a calcinha em vez de puxar. Fique meio incomodada, mas tirei. Foram umas três, quatro horas de sessão e toda hora sentia que ele estava pressionando a mão dele na minha vagina”, contou.
Segundo a corporação, as informações estão sendo mantidas em sigilo para não atrapalhar as investigações. Mulheres que tenham sido vítimas do homem devem procurar a Polícia Civil para realizar o registro. (Com informações de João Henrique do Vale)