O presidente afastado da Vale, Fábio Schvartsman, não descartou a possibilidade de funcionários da mineradora terem negligenciado os riscos de rompimento da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. O depoimento foi feito, nesta quinta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que investiga a tragédia. Em 25 de janeiro, a estrutura entrou se rompeu,
deixando mais de 300 mortos.
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Nesta quinta-feira, no Senado, ele reconheceu que, à época, foi extremamente infeliz na declaração e disse que a companhia deve, sim, ser responsabilizada pela tragédia em Brumadinho.
Risco e responsabilidade
Questionado por senadores sobre o risco de rompimento de outras barragens, Schvartsman disse que, como está afastado da Vale, não tem informações atualizadas. “Enquanto eu estava na companhia, todas essas barragens tinham laudo de estabilidade. Consequentemente, acreditava-se que todas estavam em boas condições”, afirmou.
Ao citar os nomes de diretores da mineradora, como Peter Poppinga e Lúcio Flavo Gallon Cavalli, que atuaram em Brumadinho e perguntado se seria deles a responsabilidade por não terem evitado a tragédia, Schavartsman afirmou: “o fato de eu ser presidente não me faz onisciente. Eu não sei quem, nem por que, alguém mentiria em relação a um assunto tão importante. São 150 gerentes executivos dentro da companhia.
Na próxima quarta-feira (3) a CPI volta se reunir para ouvir os consultores da empresa alemã Tüv Süd, Makoto Namba e André Yum Yassuda; da Vale, Alexandre de Paula Campanha; e Ana Lúcia Yoda, da Tractebel, responsáveis por atestar a segurança da barragem de Brumadinho.
Requerimentos
Além de ouvir o ex-presidente da Vale, a CPI aprovou 18 requerimentos de autoria do relator da CPI, senador Carlos Viana (PSD-MG), sendo duas convocações e 16 convites. Entre os convocados para prestar informações estão o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Victor Hugo Froner Bicca, e o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais Germano Luís Gomes Vieira. A data das audiências ainda não foi definida.
O colegiado também quer ouvir o promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais Guilherme de Sá Meneghin, que atuou no caso do rompimento da barragem em Mariana, e uma moradora de Brumadinho, Carolina de Moura Campos, que representará a sociedade civil.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie
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