Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, sirenes viraram um novo pesadelo em Minas Gerais. Para moradores de áreas ameaçadas por reservatórios de mineração, quando o alarme soa o primeiro pensamento é de que é preciso largar tudo e sair de casa para salvar a vida. Foi o que ocorreu anteontem à noite, em Macacos, distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pela segunda vez em um intervalo de 39 dias. Mas o sinal de alerta pode significar também pânico, correria e desespero desnecessários. Foi assim em Itabira, na Região Central do estado, a 100 quilômetros da capital, onde o aviso sonoro também disparou anteontem à noite, porém, por engano. Idosos desesperados, crianças passando mal e inclusive acidente de carro foram alguns dos ingredientes extras nos momentos de horror vividos pela população de três bairros da cidade. E foi o segundo alarme falso em um período de apenas cinco dias. Habitantes das duas localidades avaliam que o sinal de emergência soado sem que haja uma situação concreta de perigo pode levar a descrédito quando o risco for real.
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Em nota, a Vale informou que elevou o nível após decisão de auditoria independente. “A decisão de acionar nível 3 de estágio de emergência da barragem B3/B4 em Macacos (Nova Lima) foi tomada depois que auditores independentes de segurança de barragens contratados pela Vale informaram que essas estruturas não receberiam Declarações de Condição de Estabilidade por terem fator de segurança abaixo do novo limite estabelecido na portaria No. 4 da Agência Nacional de Mineração (ANM). Depois disso, conforme prevê o protocolo, a Vale acionou as autoridades relacionadas ao assunto para deliberar a execução das ações previstas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), que inclui o acionamento do aviso sonoro de alerta de evacuação.”
Itabira assiste a correria inútil
Já em Itabira, o alarme falso pedindo que os moradores deixassem suas casas foi ouvido nos bairros Gabiroba, Praia e Bela Vista.A moradora conta que o bairro é cortado por um curso d’água, o que aumenta o medo dos moradores de que os rejeitos em eventual rompimento de uma das barragens possam chegar rápido ao local. O clima é tenso e, segundo ela, o filho mais velho está emocionalmente abalado desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O menino passou mal quando a sirene tocou, anteontem à noite. “Disse para irmos para a casa da avó, onde é mais seguro.”
O pedreiro Edair José dos Santos também mora no Bairro Ribeira de Cima, próximo à Barragem de Itabiruçu. Ele contou que terá que desembolsar cerca de R$ 1 mil para consertar o carro depois de um acidente ao sair de casa com a família durante o acionamento da sirene. “Minha avó fica de cama. Fui colocá-la no carro e saí correndo. Esbarrei na porteira de entrada da chácara, arranhou bem a lateral, arrancou o friso da porta”, contou. Com ele eram cinco pessoas no veículo. Ninguém se feriu.
Ele concorda que os alarmes falsos podem prejudicar as ações da população caso ocorra uma emergência.
Por meio de nota, a Vale admitiu que houve uma falha no sistema de alerta de barragens no município. “O acionamento em Itabira aconteceu devido a um desacerto técnico. Portanto, não há situação de emergência nessa localidade, nem necessidade de que as comunidades da região sejam evacuadas”, informou a mineradora, completando que a correção foi feita imediatamente pela área técnica. “A Vale reitera que não houve alteração no nível de segurança das barragens de Itabira e que os moradores podem manter a tranquilidade”, conclui o texto.
Na sexta-feira passada, alertas sonoros falsos também tocaram em São Gonçalo do Rio Abaixo, na mesma região. Na ocasião, o coordenador do comitê de resposta imediata da Vale, Marcelo Klein, chegou a pedir desculpas à população.
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