Jornal Estado de Minas

Estudantes da PUC Minas protestam após professora fazer comentário racista

Manifestação de estudantes na PUC Minas, na Praça da Liberdade - Foto: Reprodução da internet/WhatsApp

Estudantes da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) protestaram, nesta sexta-feira, na porta do campus Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por conta de um episódio envolvendo uma professora do curso de veterinária e um aluno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que esteve na instituição para divulgar um congresso. Um áudio em que ela critica o jovem e faz um comentário racista sobre a aparência dele se espalhou pelas redes sociais. 

O caso ocorreu na última quarta-feira. Caíque Belchior Henrique, de 20 anos, é estudante do 4º período de psicologia na federal e integrante do coletivo Juntos MG. Ele conta que esteve na universidade particular para divulgar um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que será realizado em junho. Ao passar por uma das salas, pediu autorização da professora para dar um recado aos estudantes, o que foi permitido por ela.  Segundo ele, a professora criticou a organização estudantil após ele falar sobre a importância do grupo e mencionar estudantes que morreram durante o regime militar no país. “Ela falou que ninguém tinha morrido na ditadura, e que se eu estou vivo hoje é porque meus pais não morreram, negando tudo o que aconteceu no Brasil”, contou o rapaz. Em seguida, ele se retirou. 

Ouça o áudio publicado nas redes sociais


Caíque conta que, depois da passagem pela sala, foi procurado por algumas alunas que ofereceram apoio e disseram que a professora tinha aquele posicionamento. No mesmo dia, o rapaz recebeu o áudio que está sendo divulgado pela internet e que foi gravado após ele deixar a turma.
É possível ouvir a docente dizer “Sério, gente? (…) Se soubesse não tinha deixado ele falar uma 'bobajada' dessa”. Ela faz um comentário sobre a ditadura militar, que não fica claro no áudio, e completa. “Vai trabalhar. Tira aquele chinelo e vai ralar. E ainda corta o cabelo e vê se lava, um fedor danado”. O estudante é negro e usa o cabelo no estilo black power. 





Rapidamente o áudio se espalhou pelas redes sociais e uma manifestação foi convocada para a manhã desta sexta-feira. “Ela tinha uma prova marcada para aplicar às 7h.
Marquei a manifestação para as 8h30, para dar tempo de os alunos fazerem a prova e ela descer, caso quisesse falar alguma coisa, mas ela cancelou a prova”, contou o estudante da UFMG. Segundo os alunos, ela não compareceu à PUC Minas hoje. 

Caíque contou que o coordenador do curso esteve na manifestação, disse que reconhece o erro da professora e que a instituição vai fazer o que for possível. “Cobramos da PUC alguma nota ou manifestação de alguma maneira assegurando que medidas serão tomadas”, afirma o jovem. 

"Em relação a episódio que teria ocorrido na PUC Minas Praça da Liberdade, em que alunos alegam que uma professora, em sala de aula, teria agredido verbalmente um estudante que se disse ligado a União Nacional dos Estudantes (UNE), informamos que o Colegiado do Curso em questão está apurando os fatos junto aos envolvidos para tomar as devidas providências", informou a universidade por meio de nota enviada no início da tarde desta sexta.

A reportagem também procurou a professora alvo do protesto e aguarda retorno.
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