Jornal Estado de Minas

Polícia busca famílias de 24 desaparecidos de Brumadinho para coletar DNA

A Polícia Civil busca informações sobre a localização de familiares de 24 pessoas na lista de desaparecidos da tragédia de Brumadinho. O objetivo é coletar material genético dos parentes para confrontar com as amostras de DNA dos mortos pelo rompimento da barragem que são procuradas e resgatadas diariamente pelo Corpo de Bombeiros. Segundo o superintendente de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil, Thales Bittencourt de Barcelos, de todas as pessoas que morreram ou ainda estão desaparecidas, 24 delas não possuem material de parentes para comparação, uma das dificuldades encontradas pelo Instituto Médico-Legal (IML) no processo de identificação dos desaparecidos.

Outra situação que impõe barreiras ao andamento desse trabalho é o estágio de decomposição dos corpos, que dificulta a retirada das amostras de DNA e exige repetição do processo. Por fim, a quantidade de segmentos corpóreos encontrada também é outro fator que impõe volume de trabalho aos legistas do IML, que chegaram a identificar até sete pedaços de uma mesma pessoa morta no desastre da Vale.

Os números oficiais até o momento apontam para 217 mortos e 87 desaparecidos, o que significa 304 vidas perdidas em meio ao tsunami de lama da Vale em 25 de janeiro. Dessas 304, a Polícia Civil ainda precisa localizar parentes de 24. O objetivo é retirar o material genético que vai permitir a devida identificação das vítimas. “Todos os familiares dos indivíduos que não coletaram material para exame de DNA devem procurar o Instituto de Criminalística (no Centro da capital)”, diz o superintendente.

Thales Bittencourt explica que a corporação vem fazendo um trabalho de melhorar a qualificação da lista final, para agregar mais informações e assim localizar os parentes que ainda não apareceram, mas o trabalho ainda está acontecendo. “A gente pede apoio para tentar melhorar a qualidade dessa informação.
Nós encaminhamos as listas para a Vale, que levantou muitas informações referentes a outras pessoas, mas ainda não conseguiu trazer mais nenhuma informação nova para acrescentar com relação a essas 30 pessoas”, acrescenta o superintendente.

Esses materiais genéticos ganham importância ainda maior quanto mais o tempo passa, porque o estágio de decomposição só aumenta e cria desafios para os legistas. “O IML coleta um fragmento, encaminha para o Instituto de Criminalística e aí a Criminalística, quando não consegue extrair aquele material, faz contato com o IML requisitando uma nova amostra”, diz o superintendente. Na avaliação dele, essa situação é um dos obstáculos encontrados para garantir o fluxo desse trabalho com a velocidade que os parentes esperam, e assim garantir um sepultamento para o seu ente querido.

Até o momento 533 casos já deram entrada no IML, sendo 82 de corpos completos e 451 de corpos considerados incompletos. O número de identificados chegou em 216, sendo que outros 58 casos foram considerados baixados por terem relação com a mesma pessoa que já havia sido identificada. Outros 31 casos não são de seres humanos, o que totaliza 315 situações já solucionadas. Dessa forma, o trabalho atual do IML relacionada à tragédia de Brumadinho foca na identificação de 228 casos, todos eles de segmentos corporais.

A força da onda de lama produziu efeitos de segmentação dos corpos e uma movimentação também muito grande ao longo do terreno inundado. Há vários casos de pessoas que tiveram mais de um segmento corpóreo identificado e um caso de até sete segmentos pertencentes à mesma vítima.
Todo esse trabalho com o material humano é responsabilidade do IML e está ligado ao que a Polícia Civil trata como perícia dos corpos. Uma outra vertente pericial em andamento é comandada pelo Instituto de Criminalística, responsável pela parte de engenharia legal que busca explicar os motivos do rompimento e também pelos danos ambientais provocados pelo desastre.

No primeiro caso, os peritos se debruçam sobre documentos para avaliar questões como a forma de construção da barragem, a forma que ela foi alimentada por rejeitos, a previsão de capacidade e o que de fato foi colocado de volume e a conformidade com as normas técnicas. “Nesse momento não podemos adiantar informações porque isso faz parte de um inquérito que está em curso e pode prejudicar a coleta de mais provas”, completa o superintendente.

 

Sem dúvida

Números

533 casos já deram entrada no IML desde o rompimento da barragem
217 pessoas foram identificadas e 227 casos ainda aguardam solução
O restante se refere a segmentos corpóreos não humanos e partes de corpos humanos que já tiveram a devida identificação anteriormente

82 corpos foram resgatados inteiros

O que fazer

» Se você é familiar de alguma vítima de Brumadinho que está desaparecida, procure o Instituto de Criminalística de Belo Horizonte, que fica na Avenida Augusto de Lima, 1.833, no Centro de Belo Horizonte. Telefone: (31) 3330-1701

Lista dos desaparecidos que aguardam DNA da família
» Aloísio Almiro Silva Albuquerque
» Carlos Alberto de Faria
» Cássia Aparecida
» Cássia Regina da Silva
» César Augusto
» Conceição Rodrigues Mendes
» Dione Moreira de Souza
» Eliane Torres de Almeida
» Francisco Ferreira dos Santos
» Geraldo Antônio Moreira
» João Marcos Alves
» João Marques Pereira da Silva
» Joaquim Antônio de Figueiredo
» José dos Santos
» Josilene Santos
» Leandro Barbosa da Silva
» Lúcia Miranda
» Luciana Aparecida Alves
» Luiz Augusto Bom da Silva
» Marina de Lourdes
» Natália de Oliveira Couto
» Reginaldo Garcia
» Wandemar Paulo da Silva
» Yago Mendes dos Santos

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