A crise financeira no governo do estado atinge, mais uma vez, a área da saúde. Sem repasses, o Instituto Mário Penna, responsável por oferecer tratamento contra o câncer a moradores de 620 cidades mineiras, corre risco de diminuir sua oferta em breve. Tudo por uma dívida que já alcança as cifras de R$ 10 milhões. As informações foram repassadas pela administração do hospital ao Estado de Minas.
“Dependemos deste repasse para o pagamento do pessoal, dos insumos e dos plantonistas. Nossos hospitais são filantrópicos e, se ainda estamos abertos, é graças aos parceiros que temos. Estamos fazendo nosso dever de casa, a partir de estratégias internas de diminuição de custos e manutenção da oferta, mas há um limite. Vai chegar num ponto que não tem mais jeito”, disse o presidente do Conselho de Administração, Gilmar de Assis.
De acordo com Assis, a alta cúpula do Mário Penna se reuniu com diferentes representantes do governo estadual, como o secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral; e o presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), Marcus Vinícius de Souza. Contudo, a alegação do Executivo sempre é a mesma: a crise financeira do estado, que impede a transferência dos recursos.
Na tentativa de obter apoio, a presidência do hospital vai se reunir, nesta quinta-feira (4), com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS); com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto; e com o secretário municipal de Fazenda, Fuad Noman. Apesar disso, segundo Gilmar de Assis, não há qualquer dívida da PBH com o Instituto Mário Penna.
O instituto administra, atualmente, os hospitais Luxemburgo e Mário Penna. As estruturas realizam cerca de 1 milhão de procedimentos por ano, entre consultas, cirurgias, fisioterapias etc., sendo todos do Sistema Único de Saúde (SUS). A maioria dos trabalhos se volta ao tratamento do câncer.
Além dos hospitais, o Instituto Mário Penna se responsabiliza pela Casa de Apoio Beatriz Ferraz, no Bairro Santa Tereza, que oferece hospedagem para pacientes em tratamento. Há, ainda, um núcleo de pesquisa filiado à organização filantrópica. No total, são aproximadamente 1,8 mil funcionários nas quatro organizações de saúde.
Em nota, o governo do estado ressaltou que "a direção do Ipsemg vem buscando alternativas para regularizar os repasses às instituições vinculados ao instituto, de acordo com a disponibilidade financeira do estado". O Executivo destacou que "existem pendências deixadas pela última administração (do governador Fernando Pimentel)".
Disse, ainda, que o governo Romeu Zema (Novo) "tem como premissa buscar o equilíbrio das contas públicas, por meio da redução de gastos e da eficiência da gestão estadual".