Não foi ato de vandalismo – apenas excesso de zelo e falta de comunicação entre funcionários. A mão direita da escultura em bronze do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nunca foi furtada conforme divulgado ontem. A história é bem diferente, conforme apurou o Estado de Minas: em dezembro, um integrante da Guarda Municipal passou diante da peça localizada na esquina das ruas Goiás e Bahia, no Centro da capital, e, vendo que a mão estava pendente, possivelmente devido à falta de manutenção e mau tempo, achou melhor retirá-la e guardá-la no prédio da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, 1.212, com entrada também pela Goiás.
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POESIA Com 1,70 metro de altura e pesando 200 quilos, a estátua de Carlos Drummond de Andrade forma, junto com a do escritor mineiro e médico Pedro Nava (1904-1984), a obra denominada Praça da Poesia. Para quem passa por essa área movimentada da capital, a cena recria uma conversa entre os amigos que se destacaram na cena literária brasileira e deixaram romances, poesias, contos, artigos para jornal e outros escritos memoráveis.
As duas esculturas foram produzidas pelo artista plástico Léo Santana e inauguradas em 2003, ano em que os escritores completariam 100 anos. Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava se conheceram na capital e iam com frequência ao Café Estrela (demolido, para dar lugar a um prédio), na Rua da Bahia, local muito visitado por escritores na década de 1920.
Embora não tenha sido ato de vandalismo, já houve outras agressões a esse tipo de patrimônio, em BH. Em 2015, foi a vez da estátua do escritor Roberto Drummond, na Praça Diogo de Vasconcelos, na Região da Savassi, Região Centro-Sul: a escultura em bronze foi sujada com tinta vermelha. No ano anterior, a menos de 50 metros da sede do Comando-geral da Polícia Militar, na Praça da Liberdade, vândalos picharam as esculturas dos escritores Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, na entrada da Biblioteca Pública de Minas Gerais.