A engenheira Ana Lúcia Moreira Yoda, da empresa Tractebel Engineering, que assinou laudos de estabilidade da barragem de Brumadinho de 2017 a junho de 2018, disse, nesta quarta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga o rompimento da Barragem de Brumadinho (MG), que, enquanto atuou na mina, não havia nenhum indicativo de risco iminente de rompimento da estrutura. A tragédia matou mais de duzentas pessoas.
Leia Mais
Polícia altera lista de desaparecidos e número de mortos em Brumadinho deve ficar abaixo dos 300 Vale terá que pagar pensão a dependentes de funcionários mortos em tragédia de BrumadinhoTüv Süd anuncia ex-diretor da Petrobras para conduzir investigações sobre tragédia de BrumadinhoMP confirma denúncias de que a Vale estaria levantando bens de atingidos em BrumadinhoSaiba por que mais cinco pessoas foram retiradas da lista de desaparecidos de BrumadinhoPolícia investiga ameaça a escola na zona rural de BrumadinhoGestores sabiam de risco em barragem e não tomaram providências, diz MPFBarragens construídas com método mais seguro estão sem estabilidadeIML identifica mais uma vítima da tragédia de Brumadinho; ainda são 78 desaparecidosAinda segundo Ana Lúcia, a justificativa para a troca de empresas dada pelo gestor foi de que a alemã teria estrutura melhor para avaliar a barragem. “A Tractebel decidiu não trabalhar mais com declarações de segurança de estruturas de barragens”, afirmou aos senadores.
Sobre o que teria causado o rompimento da estrutura em Brumadinho, a engenheira disse que não sabe responder. “Muito difícil (saber o que aconteceu). A coisa que está mais perturbando a comunidade técnica é essa pergunta. Eu não saberia dizer com os elementos que eu tenho. A gente tem tentado estudar, mas eu não saberia dizer, tenho medo de ser leviana”, concluiu.
Amparados por habeas corpus concedido, nessa terça-feira, pela ministra Rosa Weber, do STF, os engenheiros André Jum Yassuda e Makoto Namba ficaram calados durante a sessão da CPI. Ambos são responsáveis pelo laudo de estabilidade da estrutura da barragem da Mina do Córrego do Feijão, que se rompeu no dia 25 de janeiro.
A presidente da CPI, senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) disse que vai recorrer da decisão para que os engenheiros voltem à CPI.
A presidente da CPI, senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) disse que vai recorrer da decisão para que os engenheiros voltem à CPI.
Vale
Outro técnico ouvido hoje pela CPI do Senado foi o gerente de Geotecnia Corporativa da Vale, Alexandre Campanha. Apesar de resguardado por habeas corpus, concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, ele decidiu responder a todas as perguntas.
Campanha se defendeu das acusações de ter coagido engenheiros da Tüv Süd a atestar o laudo de estabilidade da barragem.
“Nunca pressionei o senhor Makoto e nenhum funcionário da Tüv Süd”, disse. O gerente citou trechos de vários depoimentos à Polícia Federal dos engenheiros que atestaram a segurança da barragem e enfatizou o fato deles terem dito reiteradas vezes que o laudo foi dado “com base em critérios técnicos”.