Minas Gerais ficou livre, ao menos por enquanto, dos riscos da febre amarela. A doença provocou 340 mortes e infectou 662 pessoas de 2016 a 2018. Agora, outros vírus colocam em risco a saúde dos mineiros. Os casos prováveis de dengue já são quase 50% maior que a soma dos dois últimos anos. Em 2019, já foram registradas 36 notificações suspeitas de sarampo. Outra ameaça é da gripe. O vírus H1N1, o mesmo que causou epidemia mundial de gripe suína em 2009, já infectou três pessoas em Belo Horizonte. Ainda há 216 casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocados por influenza sendo investigados na capital mineira. Devido ao risco de propagação do vírus, a campanha de vacinação foi antecipada e terá início em 10 de abril. A prefeitura iniciou o cadastro de pessoas acamadas e residentes em casas de repouso para receber a vacina.
Os casos de SRAG provocadas por influenza aumentaram 16% em 2018. Foram 348 pessoas diagnosticadas com o vírus, contra 300 em 2017. Em relação as mortes, a situação é ainda pior. O número quase dobrou entre um período e o outro. Foram 98 no ano passado, contra 50 em 2017. A maioria dos casos foi de H1N1. Em 2019, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), já foram notificados 298 casos de hospitalizados, sendo que 10 associados a influenza.
São considerados casos de SRAG as pneumonias, bronquites, bronquiolites e outras infecções de vias aéreas inferiores. Belo Horizonte já teve três registros, todos por H1N1. Em 2018, foram 75 notificações, sendo 12 pelo vírus da gripe suína. O primeiro caso foi confirmado em 31 de janeiro. O morador começou a sentir os sintomas em 5 de janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), ainda há 216 casos suspeitos de infecção por Influenza.
A transmissão do vírus influenza acontece por meio de secreções das vias respiratórias da pessoa contaminada por meio da tosse, espirro, ou pelas mãos, após contato com superfícies recém-contaminadas. Os casos ocorrem durante todo o ano, mas é mais frequente no outono e no inverno, quando as temperaturas caem. Idosos, crianças, gestantes e pessoas com alguma comorbidade, doença associada, possuem um risco maior de desenvolver complicações.
PROTEÇÃO Uma forma de evitar a gripe e/ou atenuar os seus sintomas é por meio da vacina. Neste ano, Minas Gerais terá que vacinar 5,3 milhões de pessoas para alcançar a meta estabelecida pelo Ministério da saúde. Belo Horizonte terá que imunizar 870,4 mil moradores. A campanha foi antecipada. Na capital mineira, vai acontecer de 10 de abril até 31 de maio. As vacinas estão à disposição da população nos 152 centros de saúde da cidade. Para se vacinar, é preciso apresentar o cartão e documento de identidade.
Devem se vacinar adultos com 60 anos ou mais de idade, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), trabalhadores da saúde, professores das escolas públicas e privadas, povos indígenas, grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, além de crianças de 6 meses a menores de 6 anos.
Já está disponível o cadastro de pessoas acamadas e residentes em casas de repouso, sem conseguir se locomover, para receber a vacina contra a gripe em domicílio em Belo Horizonte. O procedimento deve ser feito até 4 de maio. A Prefeitura de Belo Horizonte lembra que o serviço é exclusivo para quem faz parte do público-alvo da campanha e não tem condições de ir a um centro de saúde. O cadastramento pode ser feito pelo site da PBH, no banner à direita da tela onde se lê “Vacina da Gripe – Cadastro de acamados”, pelo telefone 3277-7722 ou presencialmente no centro de saúde de referência do paciente.
Fique de olho!
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas inicial do influenza começam com febre alta, seguida de dor muscular, dor de garganta, dor de cabeça, coriza, fadiga e tosse seca. Em alguns casos, o doente apresenta ainda vômitos e diarreia. “A febre é o sintoma mais importante e dura em torno de três dias. Os sintomas respiratórios, como a tosse e outros, tornam-se mais evidentes com a progressão da doença e mantêm-se em geral de três a cinco dias após o desaparecimento da febre.” A pasta informa também em sua página na internet que pode haver complicações, necessitando a internação hospitalar. Como os sintomas parecem com resfriados, o ministério indica que aos primeiros sinais,deve-se procurar um médico. Para prevenir, a vacinação.
Sarampo ronda o estado
O Brasil está prestes a perder o certificado de país livre do sarampo por manter a transmissão do vírus por um período superior a 12 meses. Como a doença é altamente contagiosa, cujo agente causador é capaz de atravessar estados, países e até continentes em curto espaço de tempo, o alerta foi ligado no país. Em Minas Gerais não é diferente. O estado já notificou 36 casos suspeitos da enfermidade somente nestes primeiros meses de 2019. Números das autoridades sanitárias indicam que são cerca de 8,5 milhões de pessoas sem imunização adequada em território mineiro, considerando a primeira e a segunda doses da vacina.
Boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) mostram que os casos suspeitos foram registrados em 16 municípios mineiros. Do total, 19 foram descartados e outros 16 estão sendo investigados. A maioria dos casos foi registrado na Regional de Saúde de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas.
Um diagnóstico confirmado no estado, neste ano, foi de um paciente italiano de 29 anos, morador de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. É tratado como um caso importado, pois a doença teria sido contraída na Europa.
A SES afirmou que desde o início deste ano os países das Américas relataram casos confirmados de sarampo em decorrência de surtos ou importação, sendo: Argentina (2), Brasil (18), Canadá (25), Chile (3), Colômbia (19), Costa Rica (3), México (1), Caribe (2), Estados Unidos (206) e Venezuela (40), conforme o último boletim divulgado pela Organização Pan Americana da Saúde (Opas).
A perda iminente da certificação internacional do Brasil está relacionada ao registro de um caso endêmico, em fevereiro deste ano, no estado do Pará, o que fez com que o alerta das autoridades sanitárias fosse ligado.
TRÍPLICE VIRAL A estimativa da SES é de que haja aproximadamente 3 milhões de pessoas entre 1 e 49 anos que não receberam a primeira dose da vacina tríplice viral – que também protege contra rubéola e caxumba. Em relação à segunda dose, a situação é ainda pior. A estimativa é de 5,5 milhões sem proteção. As doses são distribuídas gratuitamente o ano todo nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas mostram preocupação e recomendam a vacinação.
A transmissão do sarampo pode ocorrer de uma pessoa a outra por meio de secreções expelidas ao tossir, falar, espirrar, ou até na respiração. O contágio pode se dar ainda por dispersão de gotículas no ar, em ambientes fechados. Por isso, é considerada uma doença infecciosa viral extremamente contagiosa. Os principais sintomas são manchas avermelhadas em todo o corpo, febre alta, congestão nasal, tosse e olhos irritados, além de poder causar complicações graves, como encefalite, diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia e até cegueira, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos. (JHV)