As máquinas estão a todo vapor. Hoje completam 72 dias desde que a barragem da Vale se rompeu e devastou o Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda são mais de 70 pessoas desaparecidas e o Corpo de Bombeiros trabalha para que todos os corpos sejam encontrados. Não, não há prazo para que as buscas sejam interrompidas. Todos os dias corpos são encontrados. Inclusive, na última terça-feira, uma caminhonete foi achada entre os destroços com três pessoas dentro. Haja força para continuar depois de tantos dias. E é o mural com diversas cartas escritas e desenhadas por crianças de todo o Brasil que dão gás para que dezenas de militares continuem com os trabalhos.
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Os animais continuam como fundamentais os trabalhos. Nesta etapa, até 80% dos segmentos encontrados foram por conta do trabalho conjunto do homem e do cão. Porém, agora, eles são chamados apenas quando há um indício de corpo no local. Também atuam na área de descarte – para onde a terra é retirada. “Nesta etapa, nós estamos achando mais segmentos corpóreos. Todos os dias são encontrados. Alguns (dias) mais, outros menos”, explicou a capitã.
SÍMBOLO E ESPERANÇA Em um dos postos de operações dos bombeiros em Brumadinho, uma bandeira do Brasil encontrada nas primeiras semanas de trabalho chama a atenção no meio da sala. “Essa bandeira virou o símbolo da nossa operação”, contou a capitã. Do lado de fora, um varal com cartas aos militares: “Obrigado, bombeiros, por ajudar as famílias de Brumadinho. Vocês são nossos heróis”, dizia uma delas, escrita em um papel laranja com um belo desenho de um militar retirando uma pessoa do mar de lama.
Logo ao lado, mais um recado motivador: “O trabalho de vocês é uma dádiva de Deus. Vocês têm muito trabalho pela frente, mas podem ter certeza que Jesus também vai trabalhar na vida de você.” São centenas de papeis espalhados em varais improvisados que emocionam muitos militares, que acordam cedo para recomeçar os trabalhos. E é isso que dá gás aos bombeiros que, apesar de cansados, se mostram dispostos nas buscas até que o último corpo seja encontrado.
“Isso nos faz sentir especiais.