A cidade de Felixlândia, de 14,28 mil habitantes, na Região Central do Estado, a 210 quilômetros de Belo Horizonte, enfrenta uma epidemia de dengue. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Felixlândia, de fevereiro prá cá, foram notificados 1.007 casos suspeitos e 167 confirmações por exames laboratoriais da doença no município. O número é superior aos registros da dengue durante todo ano de 2018, quando a cidade teve 63 notificações e apenas 12 casos confirmados.
Felixlândia é banhada pelo Rio Paraopeba, altamente atingido pela lama de rejeitos que vazou da barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, rompida em 25 de janeiro de 2019. De acordo com biólogos e ambientalistas, o aumento da proliferação do mosquito Aedes Aegypti pode ser uma das consequências dos danos à natureza provocados na bacia do Paraopeba pelos rejeitos de minério.
No entanto, a coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Felixlândia, Maria Aparecida Leite Gonçalves, informou que não foi constatada nenhuma relação entre a epidemia de dengue e a degradação ambiental causada pela lama de rejeitos no Paraopeba (afluente do Rio São Francisco), que passa a uma distância de 12 quilômetros da área urbana do município. “Não registramos o aumento de casos de dengue junto à população ribeirinha, que seria a primeira a ser afetada se tivesse algum vínculo da epidemia de dengue com os estragos dos rejeitos de minério”, argumenta Maria Aparecida.
Ela disse que acredita que a grande proliferação do mosquito Aedes Aegypti na cidade está relacionada ao aumento das chuvas em fevereiro e março, combinada com a elevação da temperatura. A Prefeitura de Felixlândia recebeu o apoio de uma força-tarefa da Secretaria de Estado de Saúde, que realizou o trabalho de combate aos focos nos domicílios de aplicação do UBV (inseticida a Ultrabaixo Volume), o “fumacê” em toda área urbana do município.
A coordenadora de Vigilância em Saúde que as ações preventivas em Felixlândia foram redobradas porque foi identificada na cidade a presença do vírus 2 da dengue, que provoca a queda das plaquetas nos pacientes contaminados, com maior probabilidade de causar a forma hemorrágica da doença. O vírus 2 provoca ainda outros sintomas como dores abdominais e o aumento do fígado e do baço.
Os pacientes com os sintomas da dengue estão sendo atendidos na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Felixlândia, com os casos mais graves sendo encaminhados para Curvelo. Nesta segunda-feira, foram atendidos 20 casos suspeitos na UBV de Felixlândia, com quatro pessoas sendo internadas por apresentarem queda de plaquetas.
Ainda segundo Maria Aparecida Gonçalves, apesar do número elevado dos casos da dengue clássica, neste ano, até agora, ainda não foram registrados casos de dengue hemorrágica na cidade. Os bairros de Felixlândia com maiores quantidades de casos de dengue foram Alto Social, Gameleiras, Anchieta e Centro.