O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recomendou à Prefeitura de Brumadinho que tenha mais cuidado com os materiais provenientes de doações destinadas aos atingidos pelo rompimento da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da Vale. Na última quarta-feira, representantes da força-tarefa fizeram uma inspeção nos locais onde estão armazenados os itens.
Entre as medidas solicitadas, está a limpeza das roupas e a aceleração das entregas para os necessitados. A recomendação estabelece que os itens depositados na Escola Municipal Maria Coelli sejam realocados, devido à “ausência de segurança e insalubridade no local”. O documentos estabelece um limite de 48 horas para a transferência.
Além da instituição de ensino, os itens de vestuários estão armazenados na Secretaria de Assistência Social, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e em lojas alugadas pela Vale.
O MPMG também solicitou que a prefeitura organize a entrega dos materiais. Caso aceite a recomendação, o município deverá, em até 7 dias, fazer reuniões com as comissões de atingidos para definir a melhor distribuição de bens.
A Recomendação destaca que as vítimas são todas as pessoas que ocupavam o território onde estão ocorrendo as consequências do rompimento, independentemente da natureza da ocupação.
O promotor de Justiça Walter Freitas de Moraes Júnior explica que, em razão do volume de doações e da diminuição no número de voluntários, surgem dificuldades no gerenciamento dos produtos, o que é normal nesse tipo de situação. “De qualquer forma, consta, na recomendação, uma série de medidas para melhorar o fluxo de entrega dessas doações”, afirmou.
O município informou que deverá receber voluntários da Cruz Vermelha e do Servas para auxiliar na triagem dos bens armazenados.
Uso político
No início de março, uma reportagem do Estado de Minas denunciou que as doações estavam sendo usadas como moeda de troca política entre integrantes da Prefeitura de Brumadinho e lideranças comunitárias, que faziam um concluo para entregá-las com cartas marcadas.
Após a tragédia, o ginásio poliesportivo da cidade chegou a receber 800 cestas básicas, 170 mil litros de água e centenas de kits com roupas de cama. De acordo com pessoas que trabalharam na separação dos materiais, houve um verdadeiro jogo de empurra entre município, Vale e Defesa Civil para liberar os donativos.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie