Famílias de 52 pessoas desaparecidas durante o rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, esperam notícias da identificação de cada um e, decorridos dois meses e meio da tragédia, o momento de velar seus mortos, fazer o sepultamento e encerrar um ciclo de sofrimento. A rapidez no processo, no entanto, esbarra em dois pontos, conforme comprovaram ontem, em visita surpresa ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil, os deputados estaduais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) formada para ajuda na apuração do caso. Em primeiro lugar, está o não cumprimento da mineradora da entrega de equipamentos e insumos para os exames de DNA das vítimas, que foi acordada com o Ministério Público, e, em seguida, a burocracia na máquina do governo estadual, que impede, por exemplo, o funcionamento de um gerador.
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Em 4 de abril, a delegada Ana Paula Kich Gontijo, responsável pela delegacia de Brumadinho, informou que estava fazendo uma força-tarefa para conferir todos os nomes que constavam na lista de desaparecidos. “Quando aconteceu o rompimento da barragem, nos primeiros dias, muitas pessoas entraram em contato com os canais criados para relatar pessoas desaparecidas.
GERADOR Um dos casos considerados mais surpreendentes na identificação das vítimas no Instituto de Criminalística se refere à entrega, há duas semanas, de um gerador ainda impedido de funcionar. Segundo Dário, o equipamento tem capacidade para 100 litros de óleo diesel, mas conta com apenas um quinto disso: o entrave está na burocracia do governo estadual, que ainda não regularizou a “entrada” do gerador no patrimônio estadual, fato que impede até mesmo a compra do combustível. Além de interpelar a Vale sobre a situação, a comissão, que entrará na segunda frase, ouvindo testemunhas, sobreviventes da tragédia, familiares e outras fontes de informação, vai pedir explicação ao governo estadual. No Instituto de Criminalística, a comissão visitou também o laboratório no qual são feitos os exames de DNA.
A Vale não comentou o atraso constatado pela CPI. Em nota, disse ter doado equipamentos e serviços para o IML e o Instituto de Criminalística que equivalem a R$ 15,5 milhões” e que “no montante estão contemplados aparelhos que vão agilizar o processo de identificação, como tomógrafo, flat scan, raio X, raio X odontológico, microscópios, sistema de cromatografia, instrumentos de ponta de análise de DNA, entre outros”. A nota não explicita, entretanto, quais desses equipamentos já foram entregues..