Jornal Estado de Minas

Vale apresenta megaestrutura de 35 metros de altura para conter rejeitos em Barão de Cocais

Simulado em Barão de Cocais reuniu 3,6 mil pessoas em março - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press

 

Em reunião com os moradores de Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, a Vale apresentou o esboço de um enorme muro para, em caso de rompimento, conter rejeitos da Barragem Sul Superior, na Mina de Gongo Soco. Segundo a Defesa Civil da cidade, a mineradora projeta uma megaestrutura de concreto, com 35 metros de altura, 307 de comprimento e 10 de largura na parte superior. A parte inferior ainda depende de análises a serem feitas no solo. 

 

O encontro com a comunidade local aconteceu na noite dessa quinta-feira (11). O murão demoraria um ano para ficar pronto, segundo a Defesa Civil. Os recursos viriam da própria empresa responsável pela administração da represa. 

 

Em nota, a Vale informou que “iniciou estudos para encontrar soluções de contenção para a barragem Sul Superior”. Contudo, a companhia salientou que “não há nenhuma estimativa de valores envolvidos ou prazos para eventuais projetos”. 

 

Também em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) disse que "não houve concessão de licença" para a construção do muro. Contudo, a pasta destacou que "a construção de obras emergenciais de segurança é dispensada de autorização prévia, bastando ao empreendedor oficiar o órgão ambiental, pela própria natureza da emergencialidade".

 

Ainda de acordo com a Semad, "o processo para regularização de obras emergenciais deve ser protocolado no órgão em até 90 dias, quando são verificadas se as obras estão regulares e o cumprimentos de compensações".

 

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) informou que não foi avisada sobre a apresentação.  

Histórico

 

Desde 22 de março, a Barragem Sul Superior está no nível 3 da escala de alerta, o que representa uma “situação iminente de rompimento”. Dias depois, o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), mencionou a possibilidade da construção do muro de contenção.

 

 

 

Porém, na ocasião, Godinho ressaltou que qualquer solução para a barragem não estava próxima.
Outra saída seria intervenções na barragem para que sua estrutura seja melhorada. Qualquer saída, no entanto, esbarra no nível de emergência atual da represa, que impede a atuação de operários no local. 

 

A utilização de máquinas operadas a distância poderia ocorrer. “Quando? Não tem data”, disse o tenente-coronel no último dia 25, quando ocorreu o simulado de evacuação da Zona de Segurança Secundária (ZSS). Naquele dia, aproximadamente 3,6 mil moradores participaram da ação. O total equivale a 60% da expectativa, que era de mobilização de 6 mil pessoas. 

 

O ponto positivo foi o tempo máximo de chegada a um dos sete locais de apoio distribuídos pelo município: 32 minutos, bem abaixo dos 72 minutos de intervalo estimado até que a lama atinja a primeira casa da cidade. 

 

As comunidades próximas à Sul Superior, na Zona de Autossalvamento (ZAS), foram evacuadas em 8 de fevereiro. No total, 452 pessoas saíram às pressas de suas casas, durante a madrugada de uma sexta-feira, após o acionamento dos sinais sonoros de emergência.


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