Nas cidades do interior de Minas, o dia foi de muitas cerimônias nas ruas e nas igrejas. No alto da Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH, de manhã, o arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, recebeu os peregrinos no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade. À tarde, em Belo Horizonte, a celebração eucarística presidida pelo arcebispo foi no canteiro de obras da Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, na Região Norte.
A Semana Santa, segundo especialistas do clero, é o período no qual os fiéis recordam a Paixão, morte e ressurreição de Jesus. No Domingo de Ramos, os fiéis carregam alecrim, manjericão, rosmaninho e folhas de palmeira, fazendo “referência à narração bíblica em que Jesus, após ressuscitar Lázaro, foi recebido, de modo triunfante, por grande multidão em Jerusalém”. Um destaque sempre importante está na via-sacra, com encenação da Paixão de Cristo, na subida da Serra da Piedade, na sexta-feira, às 7h.
Também pela manhã, as paróquias de Caeté (Nossa Senhora do Bom Sucesso, São João Paulo II e São Francisco de Assis) fazem procissão até o Ginásio Poliesportivo da cidade (Avenida Carlos Cruz, s/n, bairro José Brandão). De acordo com a arquidiocese, “o momento será também um ato em defesa da Serra da Piedade, ameaçada pela mineração, e se inspira na Campanha da Fraternidade 2019, que tem como tema Fraternidade e Políticas Públicas”.
OURO PRETO Tradição, fé e cultura. Em Ouro Preto, na Região Central, voltará ao cenário barroco uma procissão dos tempos coloniais da qual não há registro há um século, de acordo com pesquisas da Igreja. Além do cortejo denominado Procissão do Fogaréu (dia 18), há mais novidades na programação que, este ano, está a cargo do Santuário Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias. Amanhã, a imagem de Nossa Senhora das Dores vai parar em cada um dos passos da Paixão ao som de motetos (cânticos em latim), o que também não ocorria há décadas. O reitor do Santuário Nossa Senhora da Conceição e titular da paróquia, cônego Luiz Carlos César Ferreira Carneiro, conta que está sendo feito um resgate histórico, “reavivando os momentos do sofrimento de Cristo”.
Com saída da Igreja São Francisco de Assis, às 23h, após a cerimônia de lava-pés, a Procissão do Fogaréu seguirá em direção à Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (Mercês de Baixo), de onde sairá a imagem de Jesus Flagelado rumo à Igreja Nossa Senhora das Dores. “Não sabemos porque a tradição do século 18 foi interrompida, mas retomá-la é importante.” Ressaltando que, em Minas, a liturgia difere do caráter devocional, cônego Luiz Carlos explica que o cortejo recorda o momento da prisão de Cristo. Com túnicas e capuz, o grupo que sairá da Igreja São Francisco de Assis vai carregar tochas durante toda a procissão.