A sede do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano) foi inaugurada nesta terça-feira, no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), no Bairro Engenho Nogueira, Região da Pampulha. O centro assume o desafio de desenvolver tecnologias que possibilitem a produção de nanomateriais em larga escala – com preservação das propriedades do produto obtido em laboratório e garantia de viabilidade comercial (diminuição de custos e otimização de processos).
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As frentes de atuação do CTNano também podem prover tecnologias para reduzir a importação de produtos de alto valor agregado. O prédio de quatro andares abriga uma planta de produção de nanomateriais, além de laboratórios para o trabalho de grupos de pesquisa liderados por nove docentes da UFMG, das áreas de física, química, biologia e engenharia civil.
“Não temos aqui uma fábrica, mas plantas-piloto para produção de grafeno e nanotubos de carbono nas quais procuramos dominar o processo de aumento de escala”, explica Marcos Pimenta, que é professor do Departamento de Física e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Nanomateriais de Carbono. O CTNano consegue produzir cerca de um quilograma de nanotubos de carbono por dia, volume utilizado nos experimentos do próprio Centro. “Somos o maior polo de desenvolvimento de tecnologia em grafeno do Brasil”, ressalta o professor.
Aperfeiçoamento
Como destaca a professora Glaura Silva, do Departamento de Química, apesar da aparência essencialmente metálica, as plataformas precisam de borrachas, adesivos e outros revestimentos poliméricos de altíssima resistência, como o epóxi e o poliuretano. “O objetivo é melhorar as propriedades mecânicas e térmicas desses polímeros, por causa de solicitações agressivas, em ambientes como a exploração do pré-sal, em que há pressões elevadas e variações muito bruscas de temperatura”, explica Glaura, que coordena essa linha de pesquisa.
Investimento
A iniciativa recebeu apoio do BH-Tec e do Governo do Estado de Minas Gerais e tem financiamento de R$ 36 milhões, não reembolsáveis, proveniente de três fontes:
R$ 18 milhões = Projeto Fundo Tecnológico (Funtec), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
R$ 15 milhões = Petrobras
R$ 3 milhões = InterCement
A construção do prédio e os projetos do CTNano contam com a gestão da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).
De acordo com o Pimenta, os investimentos são essenciais para os trabalhos. “A sociedade tem que perceber que o que a gente trabalha na faculdade pode virar algo concreto. É importante que haja investimento nas universidades e na tecnologia para ajudar a inovação”
De acordo com a UFMG, o contrato com a Petrobras prevê o desenvolvimento de polímeros avançados que possam ser empregados em explorações em plataformas marítimas. A parceria com a InterCement viabiliza o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à produção de cimento nanoestruturado.
O professor lembra que o Centro está aberto a novas demandas da indústria. “Dentro da grande linha de tecnologia de nanomateriais, temos recursos humanos e infraestrutura para resolver problemas diferentes daqueles que geraram o convênio de criação do CTNano”, afirmou.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.