A sede do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano) foi inaugurada nesta terça-feira, no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), no Bairro Engenho Nogueira, Região da Pampulha. O centro assume o desafio de desenvolver tecnologias que possibilitem a produção de nanomateriais em larga escala – com preservação das propriedades do produto obtido em laboratório e garantia de viabilidade comercial (diminuição de custos e otimização de processos).
A sede do CTNano foi construída para dar continuidade aos trabalhos feitos há mais de 20 anos na Universidade Federal de Minas Gerais. No início, eram pesquisas apenas de cunho acadêmico mas cientistas começaram a atender demandas do setor industrial interessado em tecnologias desenvolvidas pelos pesquisadores.
“O Centro é uma ponte entre a academia e a indústria, que demanda soluções tecnológicas capazes de responder aos crescentes desafios sociais”, define o físico Marcos Pimenta, que coordena o projeto. Essas demandas incluem produção de nanotubos de carbono, grafeno, polímeros em nanoescala e cimento nanoestruturado, importantes para a indústria.
As frentes de atuação do CTNano também podem prover tecnologias para reduzir a importação de produtos de alto valor agregado. O prédio de quatro andares abriga uma planta de produção de nanomateriais, além de laboratórios para o trabalho de grupos de pesquisa liderados por nove docentes da UFMG, das áreas de física, química, biologia e engenharia civil.
“Não temos aqui uma fábrica, mas plantas-piloto para produção de grafeno e nanotubos de carbono nas quais procuramos dominar o processo de aumento de escala”, explica Marcos Pimenta, que é professor do Departamento de Física e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Nanomateriais de Carbono. O CTNano consegue produzir cerca de um quilograma de nanotubos de carbono por dia, volume utilizado nos experimentos do próprio Centro. “Somos o maior polo de desenvolvimento de tecnologia em grafeno do Brasil”, ressalta o professor.
Aperfeiçoamento
Como destaca a professora Glaura Silva, do Departamento de Química, apesar da aparência essencialmente metálica, as plataformas precisam de borrachas, adesivos e outros revestimentos poliméricos de altíssima resistência, como o epóxi e o poliuretano. “O objetivo é melhorar as propriedades mecânicas e térmicas desses polímeros, por causa de solicitações agressivas, em ambientes como a exploração do pré-sal, em que há pressões elevadas e variações muito bruscas de temperatura”, explica Glaura, que coordena essa linha de pesquisa.
Investimento
A iniciativa recebeu apoio do BH-Tec e do Governo do Estado de Minas Gerais e tem financiamento de R$ 36 milhões, não reembolsáveis, proveniente de três fontes:
R$ 18 milhões = Projeto Fundo Tecnológico (Funtec), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
R$ 15 milhões = Petrobras
R$ 3 milhões = InterCement
A construção do prédio e os projetos do CTNano contam com a gestão da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).
De acordo com o Pimenta, os investimentos são essenciais para os trabalhos. “A sociedade tem que perceber que o que a gente trabalha na faculdade pode virar algo concreto. É importante que haja investimento nas universidades e na tecnologia para ajudar a inovação”
De acordo com a UFMG, o contrato com a Petrobras prevê o desenvolvimento de polímeros avançados que possam ser empregados em explorações em plataformas marítimas. A parceria com a InterCement viabiliza o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à produção de cimento nanoestruturado.
O professor lembra que o Centro está aberto a novas demandas da indústria. “Dentro da grande linha de tecnologia de nanomateriais, temos recursos humanos e infraestrutura para resolver problemas diferentes daqueles que geraram o convênio de criação do CTNano”, afirmou.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.