Jornal Estado de Minas

Belo Horizonte concentra 69% dos casos de H1N1 de Minas

- Foto: Arte EM

O vírus que provocou uma pandemia mundial em 2009 volta a assombrar moradores de Belo Horizonte. A cidade registrou uma morte de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocada por H1N1. O paciente é um homem de 62 anos, que perdeu a vida em 17 de março. A capital concentra 69% do total de casos de SRAG por influenza registrados em Minas Gerais. A preocupação das autoridades de saúde é com a população que está dentro do público-alvo da vacinação (veja o quadro). Entre elas, as crianças e gestantes, grupos mais vulneráveis às complicações causadas pela influenza, e que menos procuram a vacinação. As doses já estão disponíveis nas unidades de saúde.

Boletim epidemiológico divulgado ontem mostra a situação em Minas.
Desde o início deste ano, foram 13 casos de SRAG provocados pelo influenza (gripe), nove somente em Belo Horizonte. Destes, 11 foram provocados pelo H1N1. Outro por influenza A não subtipado e um por influenza B. No período, foram notificadas 41 mortes por SRAG, aproximadamente 9% do total de casos. Destes, 41 pacientes passaram por exames que não detectaram a presença de nenhum outro vírus respiratório associado e um foi confirmado o H1N1.

O vírus vem predominando em Belo Horizonte. “Nesta temporada, diferente do ano passado, quando tivemos a predominância do H3N2, o H1N1 é que vem prevalecendo”, explicou Lúcia Paixão, diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Segundo ela, os casos vêm aumentando na cidade.
“Estamos em um momento de sobreposição de casos de dengue e de doenças respiratórias, que ocorrem no Outono. Chegamos a ter até 700 atendimentos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Nordeste. Não está tão diferente em relação ao ano passado”, afirmou.

As internações, principalmente de crianças, aumentaram neste ano. “Estamos vivendo um momento delicado na cidade, com pessoas adoecidas por dengue, e aumento das doenças respiratórias. Então, esperamos, nas próximas duas a três semanas, essa superposição de casos. O que a gente alerta é que as pessoas diante de um quadro respiratório, quando apresentar febre alta, dor de garganta ou tosse, deve procurar atendimento, principalmente, quem está inserido nos grupos de risco”, diz Lúcia Paixão.

Uma forma de evitar a gripe e/ou atenuar os seus sintomas é por meio da vacina.
Neste ano, Minas Gerais terá que vacinar 6 milhões de pessoas para alcançar a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. Belo Horizonte terá que imunizar 870,4 mil moradores. A campanha foi antecipada. Na capital mineira, vai acontecer até 31 de maio. As vacinas estão à disposição da população nos 152 centros de saúde da cidade. Para se vacinar, é preciso apresentar o cartão e documento de identidade.

Até amanhã, serão priorizadas crianças e gestantes, grupos mais vulneráveis às complicações causadas pela influenza. Quatro dias depois, será aberta para os demais públicos-alvo. Gestantes e crianças de 6 meses até menos de 6 anos são os que mais preocupam a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) em relação a vacinação contra gripe. Isso porque o índice vem caído de pessoas protegidas nessas categorias prioritárias no estado. 



Reforço


“Este ano nós estamos seguindo a orientação do Ministério da Saúde antecipando um pouco a vacinação dos grupos que nós tivemos mais dificuldades no ano anterior – crianças de 6 meses até 5 anos, 11 meses e 29 dias, e gestantes.
Portanto, nós vamos alongar o período para esse grupo para que não haja fila e seja fácil para que essas pessoas cheguem aos postos e sejam vacinadas. Essa é a principal estratégia”, informou o secretário, Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva. A cobertura vacinal atingida pela campanha contra influenza em 2018 ficou em 95,8%. Embora esse número supere a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, de 90%, as crianças alcançaram apenas 83,53% e as gestantes 85,12%.

De acordo com o secretário, esses grupos tiveram a baixa vacinação nos anos anteriores por questão de logística “É mais difícil levar a criança e a grávida ficar na fila. Outro fator que tem influenciado são as fake news, que falam que as grávidas não devem ser vacinadas”, completou o secretário. Outro ponto é que estudos têm demonstrado boa tolerância à vacinação  a alérgicos a ovos. “A importância de se vacinar agora é que esse é o período que teremos maior risco de contaminação entre pessoas. Este momento da campanha é que buscamos a cobertura da população antes do aparecimento da maior incidência da gripe. E essa incidência se dá porque causa da chegada do frio”, completou.
Os pontos de saúde já estão abastecidos com quase 4 milhões de dose desde o dia 10. Apenas 3% do público-alvo foi imunizado em seis dias.

 

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