A escalada da dengue a cada boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde em Minas Gerais traz este ano um alerta duplicado entre as autoridades sanitárias: a epidemia coincide com o avanço da ameaça do vírus do sarampo, o que pode dificultar os diagnósticos das doenças, que têm alguns dos sintomas parecidos.
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Dengue: com a maioria dos leitos já ocupada, prefeitura inaugura unidade de urgência Por causa da dengue, mais postos de saúde podem ser abertos aos sábados em BH Minas tem média superior a 1,2 mil casos prováveis de dengue por dia; mortes podem chegar a 71Sarampo: Minas Gerais registra 1º caso contraído dentro do estado em 20 anosSobe para quatro o número de casos confirmados de sarampo em MinasMinas Gerais confirma três casos de sarampo Mulher morre com suspeita de dengue hemorrágica na UPA do BarreiroMinas tem 248 cidades com incidência alta ou muito alta de dengue e Grande BH preocupaGoverno de Minas decreta emergência contra a dengue em 301 municípios do estadoO quadro fez com que a Prefeitura de Belo Horizonte inaugurasse, na noite de ontem, uma unidade onde pacientes em estado mais crítico recebem hidratação venosa. O serviço, nova fase do protocolo de crise seguido pelo município, está disponível na UPA Centro-Sul, no Bairro Santa Efigênia. Já no primeiro dia de funcionamento, tinha 21 dos 25 leitos ocupados. O Executivo municipal estuda a abertura de outras três estações semelhantes, no Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro (Barreiro) e nas UPAs Venda Nova e Odilon Behrens, esta última na Região Noroeste.
O quadro crítico força a prefeitura a adotar outras medidas emergenciais.
Apesar dos esforços, a epidemia mantém UPAs e centros de saúde lotados. Ao saber da inauguração da nova unidade de hidratação na Região Centro-Sul, vários pacientes, inclusive de outras cidades, procuraram a UPA da Área Hospitalar da capital. Moradora do Bairro Lagoinha, em Venda Nova, Katiene Miranda Costa foi para lá quando soube do centro de emergência instalado pela prefeitura.
De acordo com Alex Sander Sena, o volume de pessoas em busca de tratamento nos equipamentos de saúde é um desafio, principalmente em razão dos casos de doenças respiratórias, que se somam aos quadros de dengue. “Foi só haver a divulgação (da abertura da Unidade de Reposição Volêmica) que tivemos um grande afluxo de pacientes do interior. Recebemos gente de Betim, Contagem, Sabará e Santa Luzia, por exemplo”, ressaltou. Apesar da demanda, o gerente destacou que os doentes só serão encaminhados ao espaço de urgência depois de triagem e indicação dos médicos da Prefeitura de BH.
A medida da prefeitura acompanha a elevação dos números da dengue detalhados no boletim divulgado pelo governo do estado ontem. Nele, o número de óbitos confirmados por dengue permanece em 14: seis em Betim (Grande BH), dois em Uberlândia (Triângulo), dois em Unaí (Noroeste), um em Arcos (Região Centro-Oeste), Paracatu (Noroeste), Frutal (Triângulo) e em Ibirité (Grande BH). Contudo, outros 57 estão sob investigação, o que pode elevar a quantidade de vidas perdidas para 71.
Em número de casos prováveis, na comparação com o balanço da semana passada houve registro de mais 19.055 pacientes, aumento de 15,6%. Na avaliação do governo do estado, 2019 tem traços de anos epidêmicos, mas com números inferiores aos anos críticos anteriores, como 2016, quando o estado enfrentou o pior quadro, com cerca de 520 mil casos confirmados da doença.
Capital pode confirmar dois casos de sarampo
Em meio à disparada dos casos de sarampo em todo o mundo, com aumento de 300% nos primeiros três meses do ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e com países em surto, a capital pode confirmar os primeiros registros da virose. Exames complementares estão sendo feitos em três pacientes – dois de Belo Horizonte e também um de Contagem, na Grande BH – que tiveram positividade para a doença apontada em teste preliminar. As notificações suspeitas quase dobraram em território mineiro em 18 dias, saltando de 36 para 67 registros. Autoridades de saúde alertam para subnotificações da doença, que é altamente contagiosa, devido à epidemia de dengue no estado, já que os sintomas são parecidos nos dois casos.
Boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde mostra que, das 67 suspeitas notificadas, 30 foram descartadas, 36 estão sendo investigados e um foi confirmado, embora tratado como importado, pois o paciente, um italiano, de 29 anos, que morava em Betim, na Grande BH, teria contraído a doença na Europa. Os registros aconteceram em 31 municípios mineiros.
Nos três pacientes com resultado preliminar positivo para o sarampo, todos já estão curados. Novos exames devem ser realizados para confirmar o diagnóstico, procedimento que pode levar até três meses. “Eles são considerados suspeitos até que o resultado do tipo de vírus e genótipo sejam liberados”, acrescentou a Secretaria de Estado da Saúde. Os últimos casos autóctones – quando a doença é transmitida dentro do próprio território – ocorreram em 1997 em Minas, quando houve nove casos. Em 2011, um caso importado da doença foi registrado, de um paciente que se contaminou na França.
O sarampo preocupa por causa do seu alto potencial de contágio. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa a outra, por meio de secreções expelidas ao tossir, falar, espirrar, na respiração e inclusive por dispersão de gotículas no ar, em ambientes fechados.
Os principais sintomas são manchas avermelhadas em todo o corpo, febre alta, congestão nasal, tosse e olhos irritados. Pode ainda causar complicações graves, como encefalite, diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia e até cegueira, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos.
Alerta A SES recomendou aos municípios que façam busca ativa de casos subnotificados. “É recomendável àqueles municípios silenciosos (sem notificações) por oito semanas epidemiológicas consecutivas ou dezesseis alternadas que realizem a busca ativa retrospectiva de casos junto aos serviços de saúde locais. Se identificada a subnotificação de algum caso, que sejam promovidas ações de controle (vacina e atualização do cartão de vacinação) e orientação aos profissionais de saúde”, informou a pasta.
“O desconhecimento da ocorrência de casos suspeitos coloca o estado em risco perante a forte possibilidade de reintrodução da doença, uma vez que manifestações clínicas como exantema associados ou não a febre, tosse, coriza e dores articulares são comuns em atendimentos corriqueiros vivenciados nos serviços de saúde”, explicou. A epidemia de dengue em Minas Gerais “exige dos profissionais de saúde maior atenção para detecção dos casos suspeitos de sarampo”, alertou a Saúde estadual..