Três meses depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o Corpo de Bombeiros já tem planejamento montado para pelo menos mais um mês de buscas na área invadida pela lama. A aposta se concentra cada vez mais na inteligência, procurando corpos e segmentos em locais específicos, onde o cruzamento de informações leva a crer que haja maior chance de resultados.
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Preços sobem até 80% e Brumadinho sofre com exploração econômica no pós-tragédiaTrês meses depois da tragédia de Brumadinho, ninguém foi presoMP diz que há tentativa de baratear indenizações de BrumadinhoTragédia de Brumadinho vira ação de US$ 1 bilhão na Justiça da AlemanhaReunião entre autoridades e atingidos marca três meses da tragédia de BrumadinhoSegundo a capitã Thaise Rodrigues Rocha, chefe do planejamento de operações das buscas, não há movimento de diminuição do efetivo. As buscas continuam com cerca de 140 bombeiros e vão se manter.
“Anteriormente, a gente caminhava sobre o rejeito. Agora, usamos mais as máquinas e direcionamos para locais específicos onde existem possibilidades de encontrar desaparecidos. Temos conversado muito com as empresas que trabalhavam no local, perguntando qual era a rotina dos funcionários sumidos, a hora do almoço, onde eles ficavam depois da refeição, com quem trabalhavam. Ainda não vislumbramos a diminuição da nossa importância no local. Nossa esperança não diminuiu”, acrescenta a oficial.
Um exemplo do foco maior na inteligência está no corpo completo que foi encontrado no domingo de Páscoa pela manhã, da vítima que era buscada no local.
O avanço dos trabalhos nos institutos Médico Legal e de Criminalística da Polícia Civil pode alterar a estratégia dos bombeiros, já que 194 restos mortais estão pendentes de identificação pela corporação. Segundo a polícia, desde o início dos trabalhos de busca 589 casos deram entrada no IML, sendo 507 corpos incompletos e 82 completos. Como há situações de até sete segmentos identificados da mesma pessoa, não é possível ter a dimensão de quantos desaparecidos podem ser identificados a partir do trabalho que está pendente.
Também há a possibilidade de os casos pendentes serem de pessoas já identificadas anteriormente. Desde o início das operações, a Polícia Civil já retirou 42 nomes da lista de desaparecidos, por motivos diversos. São casos de nomes duplicados com grafias diferentes, tentativas de estelionato e nomes incluídos por engano.
Enquanto isso...
...Na tragédia de Mariana, cai ação por homicídios
Por unanimidade, desembargadores da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região trancaram a ação penal para o crime de homicídio, aberta em 2016 contra executivos de Vale, Samarco e BHP Billiton em razão da tragédia de Mariana, ocorrida em novembro de 2015, quando 19 pessoas morreram após o rompimento da Barragem do Fundão. Na prática, os acusados não vão mais a júri popular – que julga crimes contra a vida. Fica mantido apenas o processo para crimes ambientais e de inundação.