Jornal Estado de Minas

Morte de criança em Montes Claros pode ter sido causada por dengue


Está sendo investigado um caso suspeito de morte de um bebê, de 8 meses, por dengue hemorrágica em Montes Claros, no Norte de Minas. A morte da criança, ocorrida na quarta-feira, foi confirmada na manhã desta quinta-feira pelo Hospital Universitário Clemente de Faria, onde a vítima foi atendida.

O hospital, que é vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), informou que encaminhou o material para exames laboratoriais na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, visando a investigação. O resultado das análises sairá dentro de 30 dias.

O bebê era natural de São João da Ponte (de 30,3 mil habitantes, da mesma região). Nesta quinta, foi decretado ponto facultativo nas repartições municipais da cidade e luto oficial por três dias, tendo em vista que o menino era filho do contador da prefeitura. O sepultamento foi marcado para o meio-dia desta quinta-feira, no cemitério municipal de Capitão Enéas, onde moram os avós do menino.

Em Minas Gerais, já são 140 mil casos prováveis de contágio – que engloba diagnósticos confirmados e suspeitos – e 14 mortes comprovadamente causadas pelo vírus da dengue, além de 57 sob investigação. O secretário de Saúde de São João da Ponte, Marcos Paulo Campos Costa, disse que as chuvas no início do ano intercaladas com dias de temperaturas altas (características da região) provocaram o aumento da proliferação do mosquito Aedes aegypti no município.

O secretário informou ainda que o Executivo municipal adotou “todas as providências”, mobilizando os seus 24 agentes de saúde para o combate à dengue na cidade. Além disso, realizou mutirão de limpeza e a orientação aos moradores para eliminar os focos do mosquito transmissor, com a distribuição de panfletos e uso de serviço de som nas ruas. Ele disse neste ano já foram confirmados 150 casos da enfermidade na cidade, mas a incidência pode ser muito maior, pois muitas pessoas com os sintomas são atendidas nos postos de saúde básica e não realizam os procedimentos para a sorologia. Por outro lado, Marcos Paulo revelou que, a Prefeitura de São João da Ponte solicitou da Secretaria de Estado de Saúde (SES) o envio para a cidade do UBV (inseticida Ultrabaixo Volume), o “fumacê”, para reforçar as ações preventivas e de combate à dengue na cidade.
No entanto, até hoje não recebeu o produto.

Por meio de nota, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) divulgou nota lamentando a morte da criança, “tratada como suspeita de dengue hemorrágica”. A unidade de saúde destacou ainda que a vítima “recebeu toda a assistência necessária” da equipe médica da instituição. O menino foi consultado no pronto-socorro do hospital na terça-feira à noite, sendo liberada. Na manhã de quarta-feira, a mãe retornou ao HUCF com a criança para nova avaliação, recebendo novo atendimento.

O quadro se agravou, sendo registrado o óbito às 14h46. O HUCF informou que “o caso segue protocolo específico e foi imediatamente comunicado às secretarias de Estado da Saúde e Municipal de Saúde”. De acordo com o texto, “a confirmação ou negativa da doença será feita após os resultados definitivos da sorologia específica para o vírus da dengue”.

O Hospital ressalta que os exames já foram encaminhados à Fundação Ezequiel Dias e que “os resultados definitivos” ficam prontos em 30 dias. “Seguindo os protocolos para febres hemorrágicas, o HUCF esclarece, ainda, que novos exames já foram solicitados para descartar outros diagnósticos”, diz.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde, que não havia se manifestado até a publicação desta matéria.

ORIENTAÇÕES PARA ELIMINAR OS FOCOS DO MOSQUITO
Por meio da nota, o Hospital da Unimontes destaca a orientação dos cuidados que devem ser adotados pela população para evitar os focos do vetor da dengue.
“Depósitos de água, pratinhos de plantas, bandejas de geladeira, de umidificador, ar-condicionado e filtros d'água; além de garrafas retornáveis e lixo, são alguns dos mais frequentes focos do mosquito Aedes aegypti encontrados pelos agentes de endemias em residências”, lembra.


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