Casas do distrito de Socorro, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas, foram arrombadas e saqueadas na madrugada desta sexta-feira. As comunidades próximas à Sul Superior, na Zona de Autossalvamento (ZAS), foram evacuadas na madrugada de 8 de fevereiro. No total, 452 pessoas saíram às pressas de suas casas, após o acionamento das sirenes de emergência.
A Polícia Militar (PM) disse que os boletins de ocorrência ainda estão sendo registrados ao longo do dia com base nas informações passadas pelos moradores, que alegam que cerca de 20 casas foram saqueadas.
Segundo os moradores, todos os crimes ocorreram na mesma rua, conhecida como ‘Rua Principal’. “Chegamos por volta das 7h30, chamamos a polícia, a Vale, a prefeitura, e todo mundo falou que não poderia ir até o local porque era uma área de risco”, reclama Elida. A moradora teve que deixar sua casa por causa do risco de rompimento da barragem e hoje mora na casa de uma irmã. “Arrumaram (Vale) uma moradia pra mim, tinha o prazo para liberação no último dia 24, mas até hoje não liberaram por causa de manutenções que devem ser feitas”, contou.
Moradores do distrito demonstram sentimentos de revolta e impotência. “Pessoas nasceram e foram criadas em Socorro, isso é muito frustrante. Estamos fazendo o máximo, tentando reconstruir nossa vida. Tiraram a gente das nossas casas. A Vale enche a boca pra falar que está dando suporte, mas é mentira. Tudo que a gente conseguiu construir, tem gente roubando da gente. A gente quer justiça, queremos voltar para nossas casas em segurança”, reclama Elida.
A Vale enviou uma nota ao Estado de Minas a respeito da situação em Barão de Cocais. Veja, abaixo, o posicionamento da empresa:
"A Vale mantém a interlocução com Defesa Civil, Polícia Militar e demais órgãos de segurança e reitera o cumprimento dos protocolos previstos no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) para a Barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG). Os principais acessos à Zona de Autossalvamento (ZAS) de Barão de Cocais têm vigilância 24 horas. Não há registro de entrada de pessoas por esses locais. Desde o dia 8 de fevereiro foi realizada a evacuação dos moradores das Zonas de Autossalvamento (ZAS). O processo de alocação das famílias afetadas em residências provisórias foi iniciado. O prazo para que a operação seja concluída depende da disponibilidade de imóveis para alugar, da sua condição física – em alguns casos precisarão passar por obras – e, por fim, do aceite, pela comunidade, das residências provisórias oferecidas pela empresa. É importante ressaltar que a Barragem Sul Superior é uma das nove barragens a montante inativas remanescentes da Vale e faz parte do plano de descaracterização anunciado pela empresa".
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.