A confirmação de 6.280 casos de dengue e investigação de outros 18,8 mil suspeitos em Belo Horizonte levam a Prefeitura de BH a desencadear uma série de ações para tentar criar estrutura suficiente para absorver a demanda por atendimentos na cidade. Depois de iniciar aberturas de centros de saúde aos sábados, abrir novos leitos em hospitais e inaugurar uma unidade especial de hidratação, agora a nova aposta são centros de atendimento específicos para a dengue. O primeiro deles foi inaugurado ontem na Região do Barreiro, área da cidade com mais casos confirmados da doença, um total de 1.232. A expectativa da prefeitura é abrir outras duas unidades do mesmo tipo ainda esta semana nas regiões de Venda Nova e Nordeste, mas para isso precisa concluir a contratação de médicos. Segundo a prefeitura, a escalada de dengue em BH aumentou em 40% a demanda nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), espaços que tiram o sono da população pela falta de estrutura em tempo de epidemia.
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Em 1° dia, Centro exclusivo para casos de Dengue no Barreiro atende 180 pessoas Unidade exclusiva para casos de dengue é inaugurada no BarreiroEpidemia de dengue provoca alerta no banco de sangueCom mais 2 mil casos em nove dias, BH terá reforço para atender pacientes da dengueHomem ameaça médica e Centro de Saúde no Barreiro é fechado Confira dados que fazem da atual epidemia de dengue uma das mais letais da históriaUberlândia é a cidade com mais casos fatais de dengueEpidemia de dengue já matou 21 pessoas em Minas; são investigados 66 óbitos Em tempo de epidemia da dengue, doenças contagiosas elevam pressão na saúde em MinasO novo espaço fica no mesmo prédio do Centro de Especialidades Médicas (CEM) do Barreiro, na Praça Modestino Sales Barbosa, 100, no Bairro Flávio Marques Lisboa. Segundo a subsecretária de Atenção à Saúde da PBH, Taciana Malheiros, no CAD é possível passar pelo tratamento-padrão contra a dengue. Apenas casos muito graves são encaminhados para leitos de internação em UPAs ou hospitais. “Aqui ele vai passar por um exame clínico inicial, com médico e enfermeiros, para uma classificação da doença. Em seguida é realizada a coleta dos exames laboratoriais, a hidratação oral, a hidratação venosa, e nos casos mais graves, os pacientes serão encaminhados para uma das unidades de urgência (UPAs) pelo nosso transporte em saúde”, diz a subsecretária. Até o fechamento do centro, sete pacientes em estado mais grave foram levados à UPA Barreiro.
A iniciativa foi elogiada pela população principalmente quando comparada à estrutura que os pacientes encontram nas UPAs. A auxiliar de serviços gerais Luciana Fernandes, de 33 anos, esteve ontem no CAD com a filha depois de passar sete horas do dia anterior esperando na UPA Barreiro sem sucesso.
A farmacêutica Gardênia Feliciana, de 28, precisou de apenas 30 minutos de espera para confirmar o quadro de dengue. Ela e o filho de um ano chegaram com sintomas suspeitos na unidade. “Aqui é muito melhor que na UPA.
A população deve ficar atenta, pois o CAD abre todos os dias, mas não é 24 horas. O horário de funcionamento é das 7h às 18h. A subsecretária de Atenção à Saúde de BH acrescenta que, durante a semana, todos os 152 centros de saúde de BH podem ser procurados em caso de sintomas de dengue. Taciana Malheiros destaca que com a abertura de algumas unidades aos sábados – foram três no primeiro sábado, quatro no sábado passado e sete ontem – muitos casos deixaram de dar entrada nas UPAs, melhorando o fluxo das unidades de urgência. “A cada dia tivemos média de 90 a 100 atendimento nos centros de saúde abertos nos sábados”, diz Malheiros.
De olho nos dados
Os próximos passos, de acordo com a subsecretária, dependem da evolução ou não da doença na cidade. “Temos um plano de contingência em vigência para a dengue. Então, todas as medidas tomadas e os próximos passos são baseados na conjuntura epidemiológica da doença e também na necessidade da população”, acrescenta. A situação da dengue também motiva ações do governo de Minas para reforçar os atendimentos, que lotam unidades de saúde da capital mineira. A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) criou um posto de hidratação no Hospital Júlia Kubitschek, que também fica na Região do Barreiro. O governo decretou situação de emergência no estado, que vai permitir a liberação de recursos extras para reforçar o combate e o atendimento da doença, que tem incidência alta ou muito alta em 170 cidades.