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Entre as ações que serão desenvolvidas estão blitzes educativas, palestras em escolas e distribuição de material publicitário alertando para a necessidade de agir com educação no trânsito, criando um ambiente mais seguro. Para Osias Baptista, especialista em transporte e trânsito, as premissas do Maio Amarelo precisam ser estendidas, com urgência, para o ano inteiro. “Seria importante que as campanhas fossem permanentes, porque o perigo é permanente.
Um dos caminhos para buscar melhorias é o investimento em educação infantil dentro das escolas, segundo o representante em Minas do Observatório Nacional de Segurança Viária, Mauricio Pontello. O especialista acredita que as diferentes disciplinas da educação básica precisam incentivar conteúdos que façam os mais jovens refletir e adotar posturas de segurança. “Se conseguirmos criar currículos escolares de forma interdisciplinar, isso sim traria um avanço muito grande na educação infantil”, afirma.
Pontello também destaca a necessidade de controle de velocidade, em um contexto que o presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar que barraria a instalação de 8 mil novos radares nas rodovias do país, medida que foi impedida pela Justiça. “A maior causa de acidente e morte no Brasil é exatamente o excesso de velocidade. Nós matamos muito e matamos com velocidade”, diz ele.
Impactos na vida
e na rede de saúde
Quando um acidente produz lesões em uma vítima, quanto maior a velocidade praticada pelos veículos envolvidos na ocorrência, maior é também a gravidade dos ferimentos, segundo o diretor assistencial da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Marcelo Lopes Ribeiro. O médico destaca que muitas são lesões irreversíveis.
De acordo com a Fhemig, em 2017 foram 5.427 acidentados de moto atendidos na unidade, contra 4.133 em 2018 e 1.549 de janeiro a 28 de abril deste ano. Apesar da redução, Ribeiro destaca que também tem percebido reincidência de acidentes, o que mostra que não está havendo conscientização, mesmo com ocorrências graves. Tudo isso traz impacto não apenas paras as vidas das vítimas, mas também para a questão financeira do estado, que gasta muito para garantir os atendimentos. Segundo o médico, há o caso de um paciente acidentado de moto que está internado há nove meses na rede hospitalar, gerando um custo que sozinho supera os R$ 900 mil. Se investidos na prevenção, esses recursos poderiam evitar mais mortes e lesões graves.
“Infelizmente, sabemos que estão se estreitando cada vez mais os recursos financeiros. E a gente tem que dar um jeito de otimizar custos. O principal para nós é a saúde: não importa quanto vai custar, eu tenho que salvar a vida do paciente. Porém, às vezes são situações completamente evitáveis. Precisamos conscientizar todo mundo de que é preciso reduzir as despesas, senão chegará o momento em que não vamos ter como atender”, afirma Ribeiro.
O lançamento da campanha do Maio Amarelo contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o secretário de estado de Segurança Pública, general Mario Lucio Alves de Araujo. Ele destacou que o governo deve investir nas ações de educação do trânsito, mas chamou a sociedade a participar ativamente dessas ações.
Ontem foi montada uma blitz educativa em frente ao Detran, assim como uma apresentação de teatro desenvolvido pela Gerência de Educação para Mobilidade da BHTrans, com o objetivo de alertar motoristas e pedestres sobre atitudes seguras no trânsito. Em todo o estado estão programadas ações educativas durante o mês, com a proposta de despertar na sociedade a consciência para a questão da segurança viária.
A origem da campanha
Em maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito, com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente em 178 países. Por isso, o mês de maio se tornou referência mundial para as ações que visam reduzir o número de vítimas em ruas e estradas. A cor simboliza sinal de atenção e de advertência no tráfego. O objetivo chamar a atenção de motoristas, passageiros, pedestres e ciclistas sobre os impactos sociais, emocionais e econômicos dos desastres, para conseguir mudar atitudes. No Brasil, o Movimento ganhou forma a partir de 2014 e conta com a participação de órgãos públicos, empresas privadas e membros da sociedade civil do país que, segundo a OMS, é o quarto em número de mortes por acidente de trânsito no mundo.