Leia Mais
No dia do trabalhador, 13,4 milhões de brasileiros procuram empregoJustiça vai homologar primeiros acordos entre atingidos, Vale e DefensoriaBrumadinho: MP quer que Vale reserve R$ 50 bilhões para reparação de danosMissa dedicada ao trabalhador terá transmissão pela TV e internetHomem morre atropelado por caminhão ao fazer reparos no veículoPara dom Otacílio, que é o vigário episcopal da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida da arquidiocese, o desemprego é o pior pesadelo para homens e mulheres, pois tira o pão de cada dia da mesa e a dignidade das famílias. “Não podemos, jamais, ficar indiferentes ou apáticos diante dessa situação. E nem perder os direitos conquistados”, afirmou. A celebração litúrgica ocorreu na chamada Praça da Cemig. Ao final, como já é tradição, o bispo desceu a escada que leva ao altar e aspergiu água benta na multidão, com destaque para os que levaram as carteiras de trabalho e documentos.
A monitora de escola Nádia Ferreira da Silva, de 32 anos, moradora do Bairro Eldorado, em Contagem, chegou cedo e ficou bem perto do altar. “Consegui meu emprego com pedidos a Deus, ao participar de um grupo de orações, e esta é minha primeira vez nesta Missa do Trabalhador”, contou Nádia. O motivo que a levou, ontem, era muito importante: pedir por três amigas que estão desempregadas, vivendo de “bico”. Na hora de bênção, permaneceu em silêncio e pediu com fé pelas três.
Perto dali estava Warley Lino da Silva, de 46, desempregado há dois e especialista em lanternagem e pintura de carro. Residente em Contagem e também pela primeira vez na missa de 1º de maio, Warley mostrou a aliança na mão direita e contou que não se casou até hoje devido ao desemprego. “Minha noiva, auxiliar administrativa, também está desempregada, então não tem jeito de casar, né?”, disse ele, que apela a Deus e pede a intercessão de São José Operário, o homenageado de ontem, para voltar ao mercado de trabalho e poder tocar seus projetos pessoais.
MOBILIZAÇÃO Celebrada desde 1976 em homenagem aos trabalhadores, a missa na Praça da Cemig mobiliza paróquias da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida da Arquidiocese de BH, que contempla também os municípios de Betim e parte da capital. A palavra solidariedade também se torna presente no meio dos fiéis. Carregando um cartaz com o alerta “Procura-se um emprego”, o aposentado José Maria da Costa, morador do Bairro Cabana, na Região Oeste de BH, disse que levanta “bandeiras” sobre a situação no país para ajudar quem precisa. “Há muita gente sem ocupação, está tudo muito difícil”, afirmou.
Mesmo com o sol intenso da manhã, a maioria dos participantes preferiu ficar diante do altar – uns com sombrinhas ou guarda-chuvas abertos, outros com cartazes cobrindo as cabeças. A tragédia recente de Brumadinho, que completou três meses no dia 25, foi lembrada pelos presentes em faixas e nas palavras do bispo auxiliar da Arquidiocese de BH.