A Polícia Civil investiga denúncias de golpe do Buffet Amanda Amaral em Belo Horizonte. Cerca de 20 pessoas procuraram a corporação para acusar os dois responsáveis pelo estabelecimento – marido e mulher – por não cumprir os contratos assinados entre as partes e dar calotes. A suspeita já foi ouvida, de acordo com a polícia.
“Eu chorava muito. Como eu ia cancelar com aquele tanto de gente? Eu fiquei várias noites sem dormir porque estava muito angustiada. Eles foram muito cafajestes comigo. Eles me pressionaram para fechar o negócio”, este é o relato de Vera Magalhães, uma das pessoas prejudicadas pelo Buffet Amanda Amaral.
Segundo Vera, ela pretendia fazer uma festa de aniversário para reconectar com amigos e familiares. Por isso, procurou os serviços do bufê para fazer o evento. “Na degustação tudo era da melhor qualidade. Tudo muito bom. Não tinha nada a desejar. Eu queria logo pagar para eu ficar livre e saber quanto eu poderia gastar”, relata a mulher.
De acordo com Vera Magalhães, no dia 27 de fevereiro, a suspeita responsável pelo estabelecimento comercial lhe telefone pressionando em busca do pagamento. Ela ameaçou aumentar o preço caso a transferência não fosse realizada naquele dia.
Os valores foram quitados naquele mesmo dia, conforme o relato da prejudicada. As partes acordaram pelos serviços de decoração, barman, bebidas e comidas. “Ela me disse: 'a única preocupação que você vai ter, Vera, é de ir para o salão arrumar e receber seus convidados'. Ela me passou segurança e honestidade”, conta.
Após o pagamento, Vera ressalta que os responsáveis pelo bufê sumiram. A mulher investigada ficou de lhe enviar o contato do barman, mas não atendia aos telefonemas.
Segundo Vera, várias ligações de diferentes números foram feitas, mas ninguém atendia nos contatos do estabelecimento. Preocupada com um golpe, ela pegou o telefone do marido, que vive em Recife (PE), e tentou mais uma vez comunicar com os suspeitos. Desta vez, porém, obteve sucesso pelo DDD diferente.
“Eles atenderam no primeiro toque. Eu falei: 'eu liguei para vocês várias vezes, mas ninguém atende. O que é isso?'. Ela arrumou diversas desculpas, disse que havia sido roubada e, até as 9h do outro dia, passaria o contato do barman. Mentira, porque isso a gente consegue na hora (que adquire outro chip)”, destaca Vera Magalhães.
Ainda de acordo com Vera, o imbróglio se arrastou e ela decidiu voltar ao apartamento do casal suspeito. Ao tocar no local, ninguém atendeu. Porém, um vizinho lhe deu uma informação valiosa: os acusados já eram reconhecidos pela vizinhança como estelionatários.
Daí, Vera conseguiu vários telefonemas de familiares dos donos do Buffet Amanda Amaral. Ela ligou para esses números, mas apenas uma adolescente se comprometeu a falar. A menor confessou que os suspeitos estavam escondidos dentro do apartamento.
Como a adolescente não deu maiores informações, Vera ligou novamente. “O pai dela atendeu e disse: 'eu já trabalhei com eles e eles eram corretos no início. Mas agora é só desonestidade. Eles estão trambicando há mais de um ano'”, afirma.
Já que o impasse continuava, a polícia foi acionada. Desde então, os prejudicados pelo bufê criaram um grupo em uma rede social no qual discutem medidas para recuperar o prejuízo. Mais de 20 integrantes compõem o coletivo.
A Polícia Civil informou, em nota, que investiga o caso e já ouviu a mulher suspeita. De acordo com a corporação, ela alegou dificuldades financeiras para dar os golpes.
'Cheia de lábia'
A designer gráfico Bianca Maciel, de 48 anos, é mais uma prejudicada pelo Buffet Amanda Amaral. Ela fechou uma parceria com o casal em novembro de 2018 para prestar serviços ao estabelecimento dos suspeitos.
“O bufê me procurou para fazer kit batizado. Ela sempre muito educada, cheia de lábia. Mas, eu fiz apenas mediante transferência. Até aí, tudo bem. Trabalhamos novembro e dezembro. Mas, quando foi janeiro, fechamos outras três festas. Ela propôs me pagar depois. O meu prejuízo total ficou em R$ 1,2 mil”, conta Bianca.
Segundo Bianca, a acusada prometeu fazer o pagamento em duas oportunidades, mas nunca efetuou a transferência. Na segunda delas, um contrato foi firmado entre as partes, mas ainda assim não houve quitação.
“Foi então que peguei todos os meus documentos e entrei com um processo. Tivemos a primeira audiência e ela não apareceu. A próxima está marcada para o dia 27 de maio”, lamenta.