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BHTrans muda a lógica dos semáforos para reduzir engarrafamentos na capitalAplicativo que oferece passeios para cachorros chega a BHBriga generalizada entre torcedores de Cruzeiro e Goiás deixa dois baleados na BR-040A oferta dos serviços do aplicativo Uber deverá ser feita ainda neste ano, prevê a gerente de Relacionamento com Autoridades Policiais para o Brasil da startup, Karin Lopes. “Seguimos regras e critérios legais que permitem a divulgação dessas informações para as autoridades. É tudo também seguindo o marco civil da internet”, conta.
Em seguida, uma cartilha é distribuída para as autoridades, bem como mensagens aos parceiros, o que os torna mais alertas e aptos a colaborar mais ativamente, caso testemunhem crimes no transcorrer de suas funções. “Distribuímos para as autoridades uma cartilha que indica quais os tipos de informações a Uber pode fornecer e como isso pode ser requisitado. Outras informações, a gente precisaria de autorização judicial. Temos todo o interesse de contribuir com as autoridades nessa questão”, afirma a gerente.
Ainda de acordo com Karin Lopes, vários casos em São Paulo foram solucionados utilizando informações de motoristas parceiros. Um dos mais conhecidos foi a prisão, no ano passado, da chamada quadrilha da marcha a ré. A organização utilizava carros roubados para invadir estabelecimentos comerciais em São Paulo.
Outro caso célebre ocorreu depois do atentado terrorista em Londres, na Ponte de Westmister, quando um motorista atropelou cinco pessoas intencionalmente e depois esfaqueou outras na multidão, matando um policial. “Por meio de imagens de motoristas parceiros que verificamos estarem passando pelo local devido ao horário e o seu posicionamento geográfico, foi possível obter até imagens de fotos e filmagens de celular que levaram a testemunhas-chave do ocorrido e a prisões de envolvidos”, conta Karin Lopes.
BASE DE DADOS O aplicativo Uber anunciou também uma parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que é a maior empresa pública de prestação de serviços em tecnologia da informação do Brasil. Por meio desse acordo, o sistema da startup poderá acessar diretamente as bases de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), para poder fazer a conferência dos documentos dos motoristas em tempo real. “Antes, pelo nosso sistema, o motorista é que tirava uma foto dos documentos e os agentes faziam a conferência. Agora, com o número da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), conseguimos ter exatamente as informações originais. A foto da carteira tem de bater com a que está armazenada no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Essa integração para conferir a identidade dos motoristas será fundamental para evitar fraudes”, afirma Márcio De Meo, gerente de comunicação para assuntos de segurança da Uber.
Uma das preocupações do aplicativo sempre foi a verificação da idoneidade dos motoristas parceiros que levam os usuários em seus carros.
Opiniões divididas
Os motoristas parceiros do aplicativo Uber em Belo Horizonte se mostraram divididos pela parceria com a polícia. Uns acham válido colaborar para reduzir a criminalidade, mas outros temem ser reconhecidos, sofrer retaliação ou ser arrolado pela Justiça para testemunhar. Anderson José Severino, de 41 anos, trabalha há três transportando passageiros pelo aplicativo. Ele conta que, nesse trabalho, rodando na capital mineira e na Grande BH, já se deparou com situações estranhas, que poderiam ser crimes, mas que, por falta de certeza, suas informações acabaram não chegando à polícia. “Uma vez, deixei um passageiro em Ribeirão das Neves (na Grande BH) e vi um motorista que me parecia de aplicativo com uma cara muito assustada. Tinha três homens dentro do carro, todos mal-encarados e em atitude suspeita. Se o aplicativo me acionasse dizendo que era um crime, poderia tê-los descrito e ajudado a polícia a resolver o caso”, afirma.
Anderson gostou da ideia de poder contribuir com informações para as autoridades, sobretudo por entender que isso pode se refletir em mais segurança para ele mesmo. “Já passei por situações de risco.
SEM ESTÍMULO Mas nem todos estão dispostos a fornecer informações e testemunhos. “Uma vez, eu estava circulando na Região Leste e a polícia perseguiu dois motociclistas. Um bateu na viatura e foi parar no chão. Parei para ajudar e os policiais atiraram no outro. Resultado da minha ajuda: me pegaram para ser testemunha e estou enrolado com depoimentos e pressão até hoje.
Outro que também não se sentiu estimulado a participar com informações para ajudar a polícia é o condutor Hugo Leonardo Dias, de 26. “Essa é uma parceria que importa pouco para os motoristas. Todos os dias ouvimos histórias de pessoas sendo assaltadas, passando por situações de violência. Mas, em vez de o aplicativo e a PM criarem formas de nos ajudar, ainda querem que a gente os ajude. Aí é demais”, considera o condutor. “Podia ter feito para nós alguma coisa do tipo da Rede de Vizinhos Protegidos da PM. O que a gente tem feito é criar grupos de redes sociais onde a gente se comunica e tem códigos para quando estamos em situações perigosas, com gente suspeita”, conta. De acordo com o motorista, enquanto ele era entrevistado, um motorista de aplicativo tinha acabado de ser roubado na estrada para Sabará, na terça-feira (9). Ficou sem o carro e foi abandonado num local ermo. “A nossa segurança, atualmente, é mais urgente do que levar informações para a polícia”, diz.
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