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Estado de Minas

Em protesto, funcionários reduzem escala de atendimento no Hospital Júlia Kubitscheck

Trabalhadores reclamam de condições de trabalho e denunciam sobrecarga pela falta de profissionais da unidade de saúde na Região do Barreiro, em BH


postado em 09/05/2019 10:33 / atualizado em 09/05/2019 11:38

Funcionários reclamam das condições de trabalho na unidade da Fhemig(foto: Asthemg/Divulgação)
Funcionários reclamam das condições de trabalho na unidade da Fhemig (foto: Asthemg/Divulgação)
Funcionários do Hospital Júlia Kubitschek, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, fazem uma manifestação pelas condições ruins de trabalho na unidade nesta quinta-feira. A escala de atendimento dos profissionais ligados ao setor de enfermagem ficará reduzida em cerca de 50% até às 19h, segundo o diretor da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais, Carlos Augusto dos Passos Martins.

Ele explica que no caso do setor de urgência do hospital, por exemplo, tem sido muito comum pacientes ficarem internados em cadeiras e macas aguardando serem transferidos para a enfermaria do próprio Júlia ou para outros hospitais. "Os pacientes ficam em tratamento em locais onde deveriam ficar em observação. Há casos de pessoas que ficaram sete dias em cima de uma maca ou cadeira. A unidade tem improvisado corredores como enfermaria e todo espaço que existe na urgência", diz o sindicalista.

Martins também diz que há um déficit de profissionais que trabalham no Júlia. "Enquanto deveríamos contar com um técnico para cada cinco pacientes, estamos com um técnico para 11 pessoas, o que traz risco para o paciente. As medicações podem ser feitas com atraso e a sobrecarga pode até gerar algum procedimento errado", afirma ele.

O diretor da Asthemg diz que várias reuniões já foram feitas com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e com a direção do hospital, porém, a situação não foi resolvida. Com o aumento dos casos de dengue, Martins diz que a criação de uma estrutura melhor para atendimento desses pacientes foi usada pela diretoria do hospital como argumento para melhorias, mas isso só serviu para melhorar atendimentos da doença causada pelo Aedes aegypti, segundo ele.

O diretor-geral do Júlia, Fábio Baccheretti Vitor, diz que o Hospital Júlia Kubitscheck, assim como todas os grandes hospitais da rede pública que são porta aberta para a população, vem registando um aumento de demanda, explicado pela epidemia de dengue e também pela maior procura do Sistema Único de Saúde (SUS).

Como não há uma capacidade de criação de leitos acompanhando esse aumento, é uma realidade dessas unidades conviver com pacientes em macas em corredores, por exemplo. "No Júlia não é diferente e atualmente nós tentamos nos organizar para lidar com essa situação. Hoje, por exemplo, eu tenho 51 pacientes internados no meu setor se emergência. Desse total, 24 estão deitados em camas dentro da enfermaria. Dos outros 27, 20 estão em uma sala grande de medicação, com posto de enfermagem, onde eu tenho quatro camas e 16 macas. Os demais estão em macas que ficam nos corredores", diz o diretor.

Fábio acrescenta que mesmo esses pacientes nos corredores tem um técnico de enfermagem responsável e recebem o atendimento devido, além de serem casos menos graves. Segundo o diretor, o tempo médio de permanência de pacientes na urgência e na emergência que não estejam na enfermaria é de dois dias.

Outro problema que interfere nesse quadro é a questão das faltas nos plantões, segundo ele, que são muito comuns na unidade, prejudicando a escala de atendimento. Sobre o número de técnicos para cada paciente, o diretor apontou os dados desta quinta-feira, em que os 51 pacientes da urgência têm 15 técnicos à disposição. Isso significa um profissional para cada 3,4 internados. "No entanto, não temos previsibilidade na saúde e temos dias pontuais em que aumenta a demanda. O número sobe e a gente rapidamente tenta agilizar o máximo possível", afirma. Dos 15 técnicos, seis deles aderiram à paralisação, segundo o gestor.

Por fim, o diretor-geral destaca que houve a montagem de uma estrutura adicional para absorver o aumento de atendimentos causado pela epidemia de dengue como forma de resposta a esse gargalo.  


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