Em meio à preocupação com um possível desabastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Vale aceitou o projeto de construção de um novo ponto de captação no Rio Paraopeba, arrasado pela catástrofe de Brumadinho em 25 de janeiro deste ano. O acordo foi firmado na noite desta quinta-feira (9), entre representantes da mineradora e do Ministério Público, Defensoria Pública, Copasa e Advogacia-Geral do Estado (AGE), no Fórum Lafayette.
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No dia da tragédia, a Copasa suspendeu a captação de água no Rio Paraopeba. Desde então, a Grande BH vem sendo abastecida por outras três represas do Sistema Paraopeba: Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores - em condições normais, o sistema capta 11 mil litros de água por segundo. O fornecimento em BH também se mantém pela captação do Rio das Velhas, que é responsável por 49% da Região Metropolitana e 70% da capital mineira.
Em abril, o gerente geral da Divisão de Produção da Bacia do Paraopeba, Paulo Diniz, previu que, caso a situação da captação no Rio Paraopeba não fosse restabelecida, a Região Metropolitana de Belo Horizonte poderia sofrer com racionamento de água.
De acordo com o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Irlan Melo (PR), a falta de água na capital mineira seria expressiva, principalmente, nas regiões do Barreiro e Oeste.
O Estado de Minas questionou a Vale e a Copasa para saber como acontecerá o funcionamento desse novo ponto de captação no ano que vem, uma vez que a data de encerramento das obras é posterior ao limite apontado pela Copasa, mas não obteve resposta.
Outros pontos
Além da construção de um novo ponto de captação no Paraopeba, a Copasa solicitou que a Vale banque um outro ponto de captação ao longo do leito do rio. No entanto, a proposta não foi aceita pela mineradora e deverá ser rediscutida na próxima audiência de conciliação, marcada para 21 de maio (terça-feira), às 14h.
Na audiência desta quinta, também ficou firmado que a Vale deverá, em até 24 horas, solucionar os problemas de abastecimento de água das comunidades afetadas. Segundo relatos de moradores, a distribuição por meio de caminhão-pipa não tem sido suficiente.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa
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