Uma mãe e seus dois filhos mortos pelo ex-padrasto deles em abril. Uma jovem e a mãe dela assassinadas, novamente vítimas de um ex-companheiro, ontem. A violência doméstica máxima, executada sempre com o mesmo modus operandi, continua chocando Minas Gerais por meio do ódio impulsionado pelo machismo.
O caso de ontem chocou a cidade de Coromandel. De acordo com a Polícia Militar, a corporação foi acionada por vizinhos que relataram ter visto uma mulher correndo na rua pedindo socorro. Quando chegaram, os militares viram o autor do crime, Cristóvão José da Costa, no local. Imediatamente, o agressor começou a se golpear no pescoço com uma faca, tentando suicídio. Até o fechamento desta edição, o ex-namorado de Iasmin estava internado em estado grave em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Ainda segundo a PM, o crime, que terminou com as duas mulheres mortas, teria sido presenciado por uma criança de apenas 2 anos. O garoto é filho de Iasmin, mas não de Cristóvão. Ele estava em estado de choque e foi entregue ao Conselho Tutelar da cidade. Quando a polícia chegou ao local, Iasmin estava caída na rua, já sem vida, ferida com diversos golpes de faca.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso já está sendo investigado e o principal suspeitos já foi detido para apuração dos fatos. “Testemunhas estão sendo ouvidas e diligências realizadas para o esclarecimento do ocorrido. Levantamento de informações estão em andamento para avaliar se o suspeito será indiciado por homicídio duplo por motivo fútil ou se será enquadrado no crime de feminicídio. Outras informações não serão repassadas no momento para não atrapalhar os trabalhos policiais”, diz o texto.
O caso de Almenara lembra outro ocorrido em 22 de abril, no Bairro Universitário, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Tchaikovsky Mourão atirou contra a ex-companheira Élida Maria Seabra, de 58, e os dois filhos dela: João Pedro Seabra Anísio, de 26, e Paulo Henrique Seabra Anísio, de 24. Os três morreram dias depois da ocorrência, enquanto o autor perdeu a vida no mesmo dia do ataque, carbonizado, depois de colocar fogo na casa da família. O engenheiro eletricista estaria revoltado com o término do relacionamento com Élida.
De acordo com a Polícia Civil, a Região Metropolitana de Belo Horizonte concentrou cerca de 27% das ocorrências de feminicídio no estado entre janeiro e abril deste ano. Foram 11 mulheres mortas nesse tipo de crime. Em 2018, no mesmo intervalo de tempo, houve sete ocorrências. Os feminicídios tentados chegam a 64 desde janeiro.
APOIO Para diminuir o número de crimes contra a mulher, a Polícia Civil vai inaugurar, na quarta-feira, o Núcleo Especializado em Investigação de Feminicídio. O complexo será responsável pela apuração dos crimes do tipo e integrará a Divisão Especializada em Investigação de Crimes Contra a Vida, instalada no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Bairro São Cristóvão (Região Nordeste). A unidade contará com uma delegada, um escrivão e três investigadores.
Outro objetivo do núcleo gira em torno do suporte dado aos familiares depois dos casos de violência. Isso porque as ocorrências, geralmente, resultam na prisão do homem e na morte da mulher, o que deixa diversas crianças sem o amparo ideal.
VIOLÊNCIA CONTRA ELAS
Confira as estatísticas de feminicídios em Minas Gerais
Consumado
Mês 2018 2019
Janeiro 9 11
Fevereiro 9 10
Março 13 8
Abril 11 12
Total 42 41
Tentado
Mês 2018 2019
Janeiro 21 18
Fevereiro 21 17
Março 21 15
Abril 25 14
Total 88 64
Fonte: Polícia Civil de Minas Gerais