A Prefeitura de Montes Claros (404,8 mil habitantes), no Norte de Minas, anunciou o início da reconstrução da avenida Vicente Guimarães, entre os bairros Sagrada Família e Major Prates. Além da melhoria da mobilidade urbana, as obras - orçadas em R$ 19,8 milhões, visam resolver o problemas das enchentes na região da avenida, implantada ao longo de um córrego (Vargem Grande) canalizado, cuja estrutura apresentou defeitos e se rompeu em vários locais.
Conforme o engenheiro Guilherme Guimarães, que é o secretário municipal de Infraestrutura e Planejamento Urbano do município , além da construção de um novo canal de concreto, no final da Avenida Vicente Guimarães - onde, atualmente, existe uma galeria que passa debaixo de um heliponto, será feita a abertura de outra galeria lateral. “Com isso, a água, que, durante as chuvas fortes, fica retida e transborda na Vicente Guimarães, será escoada, sem provocar alagamentos”, explica o engenheiro e secretário.
As inundações na via em Montes Claros se repetem há quase 30 anos desde que foi feita a canalização do Córrego Vargem Grande. As obras anunciadas pela prefeitura da cidade-polo do Norte de Minas são parecidas com as intervenções previstas em projeto que visa colocar fim nas enchentes da avenida Vilarinho, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte e ainda não foi iniciado.
Apresentado pela PBH no final de 2018, o projeto prevê a construção de dois túneis capazes de sugar 305m³/s de águas de chuvas acima da capacidade das galerias de drenagem subterrâneas da Avenida Vilarinho e da Rua Álvaro Camargos na Região de Venda Nova. O volume de líquido a ser captado representa três vezes a vazão atual da Usina Hidrelétrica de Três Marias. Toda essa água será desviada para o Córrego da Floresta, que passará por ampliação em 437 metros de seu curso pelo Bairro Juliana, até desaguar novamente no Córrego Isidoro, destino final do Córrego Vilarinho. Ainda conforme o projeto,estruturas também serão abertas em praças, rotatórias e canteiros sobre as galerias para ajudar a captar a água da chuva na superfície.
Conforme o contrato firmado com a empreiteira, as obras da reconstrução da Avenida Vicente Guimarães em Montes Claros deverão ser concluídas dentro de 18 meses, envolvendo serviço de canalização, drenagem, pavimentação e urbanização ao longo de 1,3 quilômetro. “Mas, acreditamos as obras poderão ser feitos em até um ano”, afirma o Guilherme Guimarães.
Ele informa que para dimensionar o novo canal de concreto, a Municipalidade realizou estudos meteorológicos verificando as chuvas mais intensas registradas na cidade ao longo do último século. “Ou seja, o novo canal da avenida vai poder suportar as chuvas mais fortes da cidade durante um século”, explica o secretário de Infraestrutura e Planejamento Urbano.
Conforme Guimarães, o canal do Corrego Vargem Grande no trecho de 1,3 quilômetro da “nova” avenida terá 10 metros de largura, em formato retangular, com paredes laterais com cinco metros de altura. “Além disso, o fundo do canal terá um concreto mais liso, o que vai contribuir para a redução do atrito. Com isso, a água vai correr mais rapidamente,sem a concentração de detritos”, assegura o secretário.
O canal antigo da Avenida Guimarães, construída no final do final da década de 1980 e início da década de 1990 (gestão do ex-prefeito Mário Ribeiro) apresentou uma série de defeitos – a estrutura de cimento do canal não suportou as tempestade se rompeu em vários pontos. O mato também cresceu dentro do antigo canal, provocando o acúmulo da água e o surgimento de criatórios de pernilongos. As inundações aumentaram depois que, em 2002 (gestão do ex-prefeito Jairo Ataíde) foi construído um heliponto no final da Vicente Guimarães, onde a galeria não comporta a passagem de água durante as fortes chuvas.
A recuperação da Avenida Vicente Guimarães é aguardada como um alívio para os vizinhos da via, que, há anos, sofrem com as inundações. “Espero que agora, depois de muitas promessas, esta obra seja construída mesmo”, afirma Rafael Dias de Souza, dono de um lava-jato ao lado da avenida. “Já perdi vários equipamentos”, diz Rafael, ao lembrar dos prejuízos que sofreu com as enchentes.
“Espero que esta obra seja feita mesmo e que a gente não tenha mais tantos transtornos com as inundações”, disse Irene Soares, também vizinha da Avenida Guimarães.