Em novo boletim divulgado ontem, a Secretaria de Estado de Saúde informou que 345 municípios mineiros enfrentam cenários de incidência alta (300 a 499 casos prováveis por 100 mil habitantes) ou muito alta (mais de 500 por 100 mil) do vírus, taxas características da epidemia. Para efeito de comparação, na semana passada eram 301 cidades nessa situação. O aumento foi substancial na quantidade de vidas perdidas pela doença, que aumentou em 52% desde o último levantamento, quando eram 25. Vale ressaltar que os números foram notificados ao longo de 2019 e não são, necessariamente, casos e óbitos registrados apenas nos últimos sete dias.
Betim, na Grande BH, continua na liderança em mortes por dengue em Minas – foram 10, que somadas às quatro confirmadas na capital, duas em Contagem e uma em Ibirité, elevam a 17 o número de casos fatais na região metropolitana. Em Uberlândia (Triângulo Mineiro) são oito; em Unaí (Noroeste), duas. Arcos (Centro-Oeste), Curvelo (Região Central), Frutal (Triângulo), João Monlevade (Central), Lagoa da Prata (Centro-Oeste), Martinho Campos (Centro-Oeste), Paracatu (Noroeste), Passos (Sul), São Gonçalo do Pará (Centro-Oeste), Uberaba (Triângulo) e Vazante (Noroeste) também confirmaram uma vida perdida pela doença cada.
Com 17 mortes confirmadas, a Região Metropolitana de Belo Horizonte só tem um município que não registra quadro epidêmico: Raposos. Até a semana passada, Nova Lima também estava fora da lista, mas a cidade entrou em situação crítica no último boletim do governo do estado, com incidência de 345 casos prováveis projetados para grupo de 100 mil pessoas. De todas as cidades do aglomerado metropolitano, a situação mais complicada é de Mário Campos, com uma taxa 6.450 por 100 mil – a terceira maior de Minas Gerais, atrás apenas de Felixlândia (Central) e Arcos (Centro-Oeste).
Quanto aos casos prováveis, a Secretaria de Estado da Saúde informa que Minas tinha 247.602 computados desde o início do ano até ontem – um aumento de 18,3% sobre os 209.276 do último boletim, ou 38.326 diagnósticos a mais em uma semana. Considerando os últimos 10 anos, apenas os 12 meses de 2013 (414 mil) e 2016 (519 mil) não são superados pelo total de casos em menos de cinco meses de 2019, que já ultrapassou até mesmo o ano completo de 2010, quando o país também enfrentou epidemia do vírus da dengue.
Segundo a Saúde estadual, este período do ano registra um número maior de casos, devido à sazonalidade da doença, que aumenta em meses quentes e chuvosos. Dessa forma, o estado está em situação de alerta para as viroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Com relação à febre chikungunya e à zika, a pasta informou que, por razões técnicas, só informaria os dados da dengue no boletim divulgado ontem. Até semana passada, Minas tinha 1.587 e 650 casos prováveis das duas doenças, respectivamente.
RECURSOS Desde 23 de abril, o governo do estado decretou situação de emergência em saúde pública nas macrorregiões Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul. A partir do decreto, o Executivo estadual pôde mobilizar recursos de forma mais ágil para enfrentar o Aedes aegypti e estruturar serviços de atendimento às pessoas infectadas.
Para enfrentamento da epidemia, também foram publicadas duas resoluções no Diário Oficial do estado, que destinaram cerca de R$ 8,3 milhões para 200 dos municípios com incidência alta ou muito alta da doença – aqueles em quadro mais crítico. Segundo a secretaria, o dinheiro auxilia na contratação de agentes de controle de endemias, capacitação para profissionais na assistência hospitalar, confecção e reprodução de material gráfico informativo e aquisição de material de apoio para ações de mobilização, além de mutirões de limpeza de áreas prioritárias. Além deste recurso, foram liberados, na semana passada, R$ 16,7 milhões destinados às unidades de pronto-atendimento (UPAs) de 32 municípios. Belo Horizonte recebeu R$ 3,5 milhões desse montante, segundo a Saúde estadual.
Termômetro
Confira o número de casos prováveis de dengue ano a ano
2010 212.502
2011 38.250
2012 30.528
2013 414.719
2014 58.435
2015 193.993
2016 519.050
2017 25.933
2018 29.369
2019 247.602
Sarampo: mais um alerta e dois casos confirmados
Além da dengue, a população mineira tem outras doenças com que se preocupar. Uma das que despertam o maior nível de alerta é o sarampo, que teve mais dois casos confirmados no estado nos últimos 21 dias, elevando o total a três. Os últimos pacientes com testes positivos para a virose são um jovem de 25 anos e uma adolescente de 13.
Ambos vivem da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O rapaz é de Contagem e a menina, da própria capital. No entanto, a suspeita é de que os dois tenham contraído a doença no Nordeste do país. Apesar disso, ainda conforme boletim epidemiológico divulgado ontem, nenhum caso foi confirmado entre moradores daquela região brasileira. O estado com maior índice de infectados no país é o Pará, com 43 confirmações, seguido de São Paulo, com 20.
Além dos dois casos recém-confirmados, Minas havia registrado um diagnóstico em fevereiro. Um italiano de 29 anos, que vive em Betim, contraiu a doença quando viajava à Croácia e à Itália, entre dezembro do ano passado e janeiro de 2019. A saúde estadual já foi notificada este ano de 109 casos suspeitos em 44 municípios. Apesar do alto número, 93 foram descartadas, o que equivale a 85%. Outros 13 estão sob investigação.
O sarampo preocupa devido ao alto potencial de contágio. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa a outra por meio de secreções expelidas ao tossir, falar, espirrar ou até na respiração. O contágio pode se dar ainda por dispersão de gotículas no ar em ambientes fechados.
Os principais sintomas são manchas avermelhadas pelo corpo, febre alta, congestão nasal, tosse e olhos irritados, além de poder causar complicações graves, como encefalite, diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia e até cegueira, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos. Uma das preocupações das autoridades de saúde é a possibilidade de confusão com alguns dos sintomas da dengue, o que dificulta o disgnóstico de ambas as viroses.
* Estagiários sob supervisão do editor Roney Garcia