A situação no Presídio de Nova Lima está tensa. Na manhã desta terça-feira, um tumulto levou agentes penitenciários a utilizar spray de pimenta e bala de borracha depois que detentos impediram os funcionários de entrar em uma das celas. Desde ontem, os presos participam de uma greve de fome como forma de reivindicar melhorias no sistema.
De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), por volta das 8h, um preso se queixou de mal-estar. Diante disso, agentes de segurança foram à cela do detento para levá-lo à enfermaria, mas acabaram sendo impedidos por outros presos.
“Foi necessário o uso de spray de pimenta e munição menos letal. Nenhum preso se feriu. O detento foi retirado da cela, atendido na enfermaria da unidade e passa bem”, informou a secretaria por meio de nota.
Manifestação
Nessa segunda-feira, os detentos do presídio iniciaram uma greve de fome; eles se recusaram a consumir o café da manhã e o almoço. Pessoas ligadas ao sistema carcerário garantem que o comportamento é uma resposta a uma série de descasos do poder público com os presos da unidade - que sofre de superlotação.
Conforme o Estado de Minas apurou, familiares dos detentos vêm se queixando de maus-tratos por parte dos funcionários do local. Além disso, alguns remédios vencidos estariam sendo distribuídos no presídio.
De acordo com o defensor público, Eduardo Rodrigues, “não tem condição de um ser humano ser mantido naquele lugar”. Conforme explica, o maior problema do presídio de Nova Lima é que o local onde as celas foram adaptadas é o subsolo de uma antiga rodoviária da cidade.
“Lá dentro é praticamente uma caverna, não tem janela nenhuma. As pessoas não estão dormindo, não tem onde deitar, tem que fazer rodízio. Todos os tipos de violação estão presentes lá”, denunciou.
Segundo dados da Defensoria Pública, a superlotação do local corresponde a 228% da capacidade total. Inicialmente, o presídio tinha estrutura para comportar 96 detentos.
No entanto, devido a uma tentativa de fuga no final do ano passado, uma cela foi fechada, o que reduziu a capacidade para 77. Atualmente, há 176 presos no local.
Por meio de nota enviada nessa segunda-feira, a Seap confirmou a superlotação e informou que está monitorando o caso. “A Seap esclarece que a interdição da unidade é parcial e, de acordo com a decisão da Justiça, o presídio pode receber apenas presos da comarca local”, divulgou.
O órgão do governo estadual ainda salientou que busca recursos para investir “em tecnologia e reestruturação física das suas unidades prisionais”. Entre elas, está a construção de um novo presídio em Mariana, na Região Central do estado. Nele, alguns presos de Nova Lima poderiam ser reencaminhados.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.