Depois de indiciar e prender o motorista de ônibus E. O, de 42 anos, por quatro estupros em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sendo dois deles com a vítima considerada vulnerável, a Polícia Civil vai continuar as investigações para apurar pelo menos mais quatro relatos de violência sexual praticados pelo mesmo autor.
O delegado Flávio Teymeny, que comanda as investigações, explicou que quatro inquéritos que foram abertos já estão concluídos e apontam para o estupro. Uma das vítimas tinha 12 anos e a outra 20. Hoje esta tem 21 e, segundo a polícia, foi violentada depois de ingerir bebida alcoólica, na hora que estava dormindo, o que configura situação de vulnerável. Nesses dois casos a pena é maior.
No caso da garota de 12 anos, ela relatou que o motorista passou a mão em suas partes íntimas em um momento em que ela estava sozinha na casa em que mora com a avó. A residência do autor do crime fica no mesmo lote e o caso aconteceu em 2018.
Foi o relato da jovem hoje com 21 anos que iniciou toda a investigação. A estudante conta que foi violentada em janeiro deste ano, na casa do estuprador, que era praticamente da família do namorado dela. Depois de comemorarem a abertura de um bar da esposa do autor dos crimes, várias pessoas dormiram na casa dele, incluindo a vítima.
Ela disse aos policiais que sentiu, de madrugada, alguém mexendo em sua roupa íntima e a tocando, quando ela dormia. "Quando eu empurrei, eu vi que era ele. Ele segurou na parede e estava de bermuda cinza e sem blusa. Mas infelizmente eu estava muito cansada, entrei em choque e voltei a dormir. E ele continuou com o ato. Quando eu acordei, meu namorado estava do meu lado e viu minha expressão. Ele viu que eu estava em choque", conta a vítima.
Nesse momento ela diz que começou a chorar e foi embora. A denúncia não foi feita no dia, porque ela conta que entrou em choque. Mas ainda em janeiro procurou a polícia e deu início às investigações.
O delegado diz que não houve constatação do uso da força nos atos, mas o autor se aproveitava de situações de intimidação e também de ameaças, além de usar momentos de pouca reação das vítimas, como a hora do sono. "A questão da força não ficou constatada, mas ele utilizava de ameaça. Todas as vezes as vítimas informam que se houvesse alguma conversa, se elas declarassem aquilo para alguém, elas teriam um mal maior", diz o policial.
Ainda segundo Flávio Teymeny, o indiciado nega os fatos dizendo se tratar de um complô da família contra ele, mas não consegue explicar nada quando confrontado com detalhes. A partir da divulgação do caso, o policial acredita que a investigação pode crescer ainda mais. "A gente espera que outras vítimas possam aparecer", completa.