A Vale se comprometeu a manter, durante um ano, os empregos em municípios mineiros que abrigam barragens de minério. O acordo foi feito na última quinta-feira, em reunião entre prefeitos de 11 cidades mineiras e o diretor da Cadeia de Ferrosos da mineradora, Vagner Loyola.
Antes do anúncio, a preocupação era de que com a tensa situação das barragens da mineradora, a empresa optasse por cortar o número de funcionários nos municípios que têm estruturas com risco de rompimento.
No entanto, segundo Loyola, a mineradora fez um acordo com sindicatos para manter o empregos na região por, pelo menos, 12 meses.
O encontro foi organizado pela Associação de Município Mineradores de Minas Gerais (AMIG) e contou com a participação dos prefeitos de Barão de Cocais, Itabira, Itabirito, Sarzedo, Mariana, Belo Vale, Nova Lima, São Gonçalo do Rio Abaixo, Congonhas , Santa Bárbara e Brumadinho.
Também participaram o diretor-executivo de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale, Luiz Eduardo Osório e o diretor de Relações Institucionais Sudeste da Vale, Sérgio Leite.
Negociação
Durante o encontro, foram discutidos pontos que interessam tanto a mineradora quanto aos municípios. Luiz Eduardo Osório pediu para que as prefeitos utilizem suas forças políticas para convencer deputados, senadores e a população pública sobre a importância da mineração no estado.
De acordo com o diretor, a mineradora é alvo de sete Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) espalhadas por todo o país. Além disso, Osório mencionou uma fala do senador Carlos Viana (PSD), que cogitou aumentar o valor da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) de 3,5% para 10%.
Nenhuma empresa no Brasil jamais enfrentou uma situação parecida, especialmente em questões como a tributária”, disse.
No entanto, o consultor de Relações Institucionais da AMIG, Waldir Salvador, destacou que para atuar politicamente a favor da empresa, a mineradora terá que garantir a estabilidade das barragens.
“Se a Vale nos garantir tecnicamente a segurança das atividades, a AMIG irá buscar interceder por ela em uma relação de transparência, respeito e de verdade absoluta com as cidades. Os municípios apoiarão desde de que a Vale tenha a confirmação da estabilidade das barragens pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Assim que isso for feito cada um dos municípios vai trabalhar junto à Justiça para tirar esses impedimentos, pois ninguém tem mais legitimidade e necessidade do que os municípios então nós pedimos que desde de que haja uma garantia técnica comprovada da ANM, afirmou.
Minas perde posto
De acordo com Vagner Loyola, antes da tragédia de Brumadinho, a previsão de extração de minério no estado era de 190 milhões de toneladas. No entanto, atualmente 115 milhões estão interditadas pelo Ministério Público e pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
“Nesse momento, estamos com 115 milhões de toneladas paradas, o que corresponde a 61% da produção da Vale em Minas, bloqueadas por ações judiciais e pela ANM. “Vagner ressalta que para o estado do Pará a previsão de produção, para este ano, é de 207 milhões de toneladas, ano este que Pará ultrapassará Minas Gerais e será o estado de maior arrecadação de CFEM.
(Com informações da AMIG)
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie