O Ibama voltou atrás e decidiu pela manutenção dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e de Montes Claros, no Norte de Minas. O fechamento das duas unidades tinha sido anunciado, na quarta-feira, pela Superintendência Regional do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Minas, que, por meio de nota, justificou que a medida "foi necessária devido a um corte orçamentário de 25% no contrato dos tratadores”.
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Na mesma nota em que havia divulgado sobre a desativação dos Cetas de Montes Claros e Juiz de Fora, o Ibama reconheceu o “enorme impacto negativo” da decisão, agora cancelada.
A interrupção do funcionamento das unidades ocorreu no mesmo dia em que houve uma série de manifestações em todo o país contra cortes de verbas para as universidades federais e institutos federais de educação. A medida foi considerada “muito preocupante” pelo diretor da Organização Não Governamental (ONG) Instituto Grande Sertão (IGS), Eduardo Gomes, de Montes Claros.
Em entrevista do EM, Eduardo Gomes argumentou: “É inconcebível uma decisão dessa sem discussão, sem buscar alternativas de solução, sem buscar parcerias." Ele lembrou que as unidades não têm somente função de cuidar, mas de salvar vidas. “Muitos animais chegam aos centros de triagem e mesmo passando por um processo de recuperação não têm onde ficar. Por isso, precisam de mais atenção”, afirma.
Ele alertou ainda que no caso de Montes Claros há um agravante, considerando que o zoológico da cidade foi fechado há mais de seis meses e está sendo discutido um acordo para que o espaço venha a sediar o Cetas, numa parceria público-privada, usando recursos de compensação ambiental de uma empresa.
Com o recuo do Governo Federal, continua mantida inalterada a estrutura de recebimento de animais silvestres em Minas Gerais, composta por três Cetas (em Montes Claros, Juiz de Fora e Belo Horizonte), além do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, localizado em Nova Lima (Região Metropolitana). A unidade de Nova Lima, além dos bichos apreendidos, cuida dos animais vítimas de acidentes socorridos pelo Corpo de Bombeiros, recebe espécimes entregues voluntariamente ou doentes, resgatados por órgãos parceiros e pelo próprio Ibama.