“O talude da cava vai se romper com a gravidade, isso é um fato. O que estamos fazendo agora é minimizando os riscos, evitando que pessoas transitem dentro da cava ou que sejam atingidas”. É o que assegura o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM) Eduardo Leão sobre a situação do complexo minerário de Gongo Soco, em Barão de Cocais (Região Central).
A informação já havia sido dada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com base em laudos técnicos da Vale, empreendedora da mina. Em caso de rompimento do talude norte, a Barragem Sul Superior poderá se romper pelas vibrações do desmoronamento.
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Segundo a agência, o talude norte da cava de Gongo Soco se deslocava 10 centímetros por ano desde 2012. A quantidade estava dentro do aceitável para uma cava profunda.
Contudo, desde o fim de abril, a velocidade do deslocamento aumentou para 5 centímetros por dia, de acordo com a ANM.
A ANM também notificou a Vale e determinou que a empresa tome uma série de providências emergenciais. Algumas delas, como interditar o trecho da ferrovia que liga Vitória a Minas, já foram tomadas pela mineradora.
Outra medida é o monitoramento por vídeo em tempo real das barragens e do deslocamento do talude – também já adotada pela mineradora.
A agência determinou, ainda, a apresentação de um estudo do comportamento da possível onda gerada pelo rompimento do talude norte, avaliando o impacto nos pilares do viaduto da linha férrea Vitória/Minas. A barragem, a cava e todas as obras já estavam paralisadas desde 2016.
Essa encosta em perigo está a 1,5 quilômetro da Barragem Sul Superior. “O risco é que a vibração gerada pelo rompimento do talude seja gatilho e influencie na segurança da barragem Sul Superior. Mas isso não se tem como prever” explica Wagner Nascimento, chefe da Divisão de Segurança de Barragens de Mineração da ANM.
Caso a vibração do impacto não chegue à barragem, a estrutura se manterá na condição atual, mas existe a possibilidade da ruptura ficar restrita ao interior da cava e não extravasar o material dentro dela (água e sedimentos).
Se a barragem se romper, a onda de inundação chegaria ao Centro de Barão de Cocais em cerca uma hora.
Com informações da Agência Nacional de Mineração (ANM)
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